Vodafone Paredes de Coura 2019: Contas Finais

por José V. Raposo em 3 de Setembro, 2019

Vodafone Paredes de Coura 2019: Contas Finais
© Patti Smitth por Hugo Lima / Vodafone Paredes de Coura 2019

Eis a hora do fecho da 27.ª edição do Vodafone Paredes de Coura. A última desta década. A sétima sob a égide daquele patrocinador e consequente musculatura orçamental e de cartazes. A terceira consecutiva sem um pingo de chuva ao longo de quatro dias. A espera até aos dias 19 a 22 de Agosto de 2020 pela 28.ª edição.

As tendas, sacos-cama, mesas desmontáveis e cadeiras de campismo estão desmontadas e a precisar de limpeza depois desta campanha, os ouvidos a precisarem de descanso e a depressão pós-festival já se instalou. Tudo isto é sinal de que foi uma edição e tanto.

Tivemos nomes históricos que ainda curvam como deve ser como os New Order e Patti Smith, nomes de prestígio como Jonathan Wilson ou como Spiritualized que iludem as aparências de fragilidade, nomes que voltaram à casa onde por cá se estrearam como Father John Misty ou os The National e, tão ou mais importante, toda uma série de promessas ditas indie e fora da caixa, como os Kokoko!, Stella Donnelly, Alice Phoebe Lou ou Khruangbin. O regresso do hip hop de fundo com MadGibbs foi imensamente bem-vindo e o arrojo nos afters foi maior, em particular nos três primeiros dias.

Não vieram Julien Baker e Yellow Days? Não há problema, que os substitutos Avi Buffalo (no papel, pelo menos) e Stella Donnelly são bem mais interessantes. Todos eles nomes que ajudam a comer churros com maior ansiedade de festival nos dias anteriores e a assistir com gosto a sets como o de Carolina Torres e a actuações como a dos Parkinsons, que mereciam era um palco no recinto, por toda a sua História. Com tudo isto, foi de facto uma grande e honesta edição.

Levam-se recordações para o resto do ano e a relva do melhor anfiteatro natural para concertos do País terá o seu tempo para voltar a crescer. Paredes de Coura continua sem ser um amor de Verão, como disse um dos grandes desta vida. É antes um amor para toda a vida (ou até a um cartaz menos bom).

Que o cartaz não falhe e que lá estejamos todos, incluindo aqui a equipa Arte-Factos.

P.S. – Sabiam que o Coura tem origem no ribeiro dos Cavaleiros e na ribeira de Reiriz?

 

Contas finais:

i) Campeões de Paredes de Coura 2019: New Order; Julia Jacklin; Patti Smith; Spiritualized; The Parkinsons; Kokoko!; Acid Arab; Car Seat Headrest; Khruangin; Stella Donnelly; Jonathan Wilson; Father John Misty; Deerhunter; Capitão Fausto; black midi; Sensible Soccers; Freddie Gibbs & Madlib.

ii) Menções honrosas: Kamaal Williams; Cave Story; Alice Phoebe Lou; Peaking Lights; Filipe Sambado; Suede.

iii) Assim-assim: The National; Mitski.

iv) Tivemos pena de ter perdido: Avi Buffalo.

v) Para continuar: qualidade dos cartazes recentes e que, em caso de cancelamentos, venham substituições do calibre das deste ano, bem como o regresso do hip hop e a aposta em mais bandas fora da caixa do “””indie”””; a contínua melhoria da oferta de restauração no recinto. E, claro, a campeã equipa do Loureiro, este ano reforçada com três novos elementos. E o eterno Xapas Bar (grande Facadas).

vi) Para nunca mais voltar: pessoas com aparente idade e experiência de concertos suficiente para terem juízo não estarem caladas no decurso dos mesmos; gente burra que insiste em andar no mosh ou no crowd surf entre canções ou em artistas que não são convidativos a isso. Tesão de mijo não é boa em lado nenhum e não se queixem se perderem os sapatos enquanto andarem armados em surfistas de pessoas. O abuso do termo “Couraíso” também tem de cessar.

vii) Regressos que queremos: caracóis no Loureiro ou no Leira de Cima; mais pizza no recinto.

viii) Gostávamos de ver por lá: My Bloody Valentine; Grace Jones; The Hold Steady; Pissed Jeans; Rolling Blackouts Coastal Fever; Swans; Bob Mould; DJ Shadow; La Dispute; Jozef Van Wissem; Sleep (reitera-se que metal de jeito fica ali bem); Jawbreaker; Godflesh; Lil Yachty; Bill Callahan; Terebentina; Pop Dell’Arte; Nel Monteiro (não estamos a gozar e repetimos o pedido); Kangding Ray; Lingua Ignota; John Prine; Clark; Ezra Collective; Action Bronson; Tzusing.

Até 2020!

 

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