Reportagem


Kamaal Williams

A partir do momento em que o vemos em palco, é mais uma demonstração da força da actual cena jazz.

Praia Fluvial do Taboão

17/08/2019


© Hugo Lima / Vodafone Paredes de Coura 2019

Diz que não é do jazz mas tem um quarteto que em nada foge à tradição da fusão das últimas décadas, fez batidas sob o nome de Henry Wu, formou os Yussef Kamaal e tem uma editora, a Black Focus. Quem é, então, Kamaal Williams? Assim de surra, é um tipo que até curte tocar por cá, que já o vimos no ID – No Limits há uns meses, em trio.

A partir do momento em que o vemos em palco, é mais uma demonstração da força da actual cena jazz (ups) de Londres onde também pontificam os Sons of Kemet de Shabaka Hutchings, Nubya Garcia e os The Comet Is Coming e de um jazz (porra) mais acessível dos BADBADNOTGOOD. Se ainda há minutos Patti Smith pregava a liberdade em sentido amplo (recorda aqui), Kamaal e sua banda alinham pelo mesmo diapasão, via um discurso de “faz o que tens a fazer, sê tu próprio e que se lixem as más-línguas”.

E é isso que praticam Kamaal Williams e sua banda: fusão dançável a trepar o murete do acid jazz, com um baixo a destilar funk e um saxofone a complementar o terreno melódico provindo das teclas de Williams. Ele que nos perdoe, mas isto tresanda mesmo a neo jazz de fusão.

Confiante e honesto, não se importa de passar o protagonismo da melodia ao baterista, Greg Paul, que pega na sua melhor impressão de Tony Williams ou de Roy Haynes e lidera o conjunto por minutos. Dissemos que era neo? Verdade, que a dada altura há nova reviravolta e a bateria dá lugar a batidas vindas dos pads de Paul. Entre Roy Ayers e Bootsy Collins e Kamasi Washington e Thundercat, o público aprova e sente-se cosmopolita ou coisa que o valha, não precisando da EasyJet para ir até Londres. Para a próxima, que Kamaal que traga (mais) outro amigo também.

 


sobre o autor

José V. Raposo

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