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Meados de Agosto. Passe o chavão, é aquela altura do ano em que o Alto Minho chama e Paredes de Coura é o epicentro da música popular neste País. Por entre tendas, vinho verde, chouriça assada e rebaldaria na vila, o anfiteatro natural à beira Coura e o palco secundário mais estreito que há por aí teriam muito para oferecer através do seu PA. Chegado à 27.ª edição, o Vodafone Paredes de Coura tem mantido a linha dos últimos seis anos: cantautores-revelação no eixo folk-indie (o que quer que isso seja), alguns nomes grandes, outros médios e uma jarda ou outra, pintalgados por uma oferta mais fora da caixa geográfica e cultural da música dita alternativa.
Depois de vários dias de aquecimento com a rubrica o Festival Sobe À Vila – que contou com revelações como os Dream People ou clássicos absolutos como os Parkinsons (não é jogo destes sem Afonso Pinto trepar o que quer que constitua o palco), 14 de Agosto, quarta-feira e 634.º aniversário da Batalha de Aljubarrota, foi o dia de recepção (ou, mais propriamente, de arranque) desta edição do festival.
Noite de lotação esgotada e de cheirinho do que aí viria, com novidades, nostalgia e festão de partir chão – que os Bed Legs tão bem ilustram nesta fotografia:
Vinda de Blue Mountains na Austrália para o Minho verde, eis Julia Jacklin. A cantautora australiana anda a apresentar Crushing (Polyvinyl, 2019), portento de tensão retraída e de verdade estendida. Com poucos acordes e pouca complexidade diz tudo o que tem para dizer, encimando com uma voz expressiva e bela q.b..
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Como a noite era a de aquecimento, seguiu-se um intervalo para a multidão ir tentar um prego ou uma tripa e absorver o que viu e ir reciclar cerveja e sidra.
Seguiram-se os Boogarins, banda que tem já casa (ou é refugiada do Bolsonarismo) no nosso País. Cumpriram decentemente com o seu neo-psicadelismo tropical, mas a melhor canção foi mesmo a remistura da musiquinha da Globo das vitórias em Grandes Prémios de Piquet e Senna nos anos oitenta – para a próxima tragam o Galvão Bueno.
Fenómeno curioso de popularidade são os Parcels. Foram recebidos por um palco principal (ainda mais) a abarrotar de gente que lhes sabia as canções de um synth pop a espaços aparentado com os Foals. Pessoalmente, prefiro Bill Parcells a Parcels.
Os The National encabeçaram a noite. Caso clássico de visto gold de bandas, vieram arejar o seu apartamento de time sharing e para texto próprio se remete a sua actuação. Teaser: foi como a orografia do recinto de Coura.
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Depois de toda a acção no palco principal, as atenções focaram-se, para quem não estivesse k.o., no after hours no palco Vodafone FM. Os congoleses Kokoko! foram o nome fora da caixa de after deste ano. Intitulam-se como um colectivo que soa simplesmente a uma festa de bairro em Kinshasa e, com efeito, foi mesmo isso que se viu e ouviu.
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Foi um dos concertos do certame e coitada da pedra do pavimento do palco Vodafone FM. Nuno Lopes, ídolo da torcida, seguir-se-ia naquele palco.
Assim fomos recebidos nesta 27.ª edição de Paredes de Coura e assim fechámos a noite, que o dia seguinte era o primeiro a doer.
