Reportagem


Vodafone Paredes de Coura

Resumo do 3.º dia

Praia Fluvial do Taboão

16/08/2019


© Hugo Lima / Vodafone Paredes de Coura 2019

Em frente, bravos guerreiros de Coura, que chegámos ao terceiro dia da campanha de 2019. Se no País a greve dos motoristas de matérias perigosas dava origem a alguma da mais patética retórica a que assistimos nos últimos anos (e estamos em Portugal, agora pense-se), pelas margens do Coura o certame rolava sem sobressaltos. E com mais nomes brilhantes à espera de entrar nos dois palcos.

O primeiro desses nomes foi Jonathan Wilson. Se o nome não dirá muito à plateia, a culpa não será dele; tremendamente subvalorizado, é o autor de muita da magia das canções de Father John Misty (que seriam ouvidas ali mesmo daí a poucas horas) e de gente como Will Oldham e Erykah Badu. Para os mais velhinhos, é suficientemente bom guitarrista para tocar com Roger Waters – fazendo as vezes de David Gilmour – na sua mais recente digressão europeia (que passou por cá em 2018, de resto). Com credenciais destas só podia ser um concerto de gabarito. Que de facto foi.

Reportagem do concerto de Jonathan Wilson para ler aqui »

Havia, no entanto, que deixar prematuramente o mundo de Jonathan Wilson para entrar num outro: o da Londres contemporânea dos black midi, da desconstrução do que quer que passe por rock alternativo por estes dias. Já por cá passaram e já os vimos na Holanda (e por cá passarão no próximo mês de Setembro, na ZDB), mas a verdadeira mostra seria esta.

Lê aqui tudo sobre o concerto de black midi, um dos melhores da edição »

Recorda aqui a entrevista, dias antes do festival »

 

Os Deerhunter são um caso curioso. Uma das bandas mais badaladas (e empoladas) da década, desdobram-se em colaborações e projectos a solo igualmente providos de qualidade – mas paira sobre eles uma aura de que falta sempre qualquer coisa para chegar ao Olimpo. Regressaram a Coura depois de um concerto em 2011 que tresandou a ruído (é elogio, atenção).

Espreita o nosso relato do concerto de Deerhunter aqui »

Como não se brinca com coisas sérias, a missa espacial dos Spiritualized do reverendo Jason Pierce merece umas escrituras à parte. Ler aqui como foi este concerto »

Se ainda não vos falámos de artistas já com vistos gold neste terceiro dia do Vodafone Paredes de Coura, fica aqui um: Father John Misty. Numa noite cheia de sacerdotes, o padre João voltou a Coura quatro anos depois da estreia para chinelar no palco e derreter uns corações de gente incauta e necessitada de afecto e de folk.

Sempre encarnando a sua persona de douchebag de Hollywood, domina o palco mal entra nele. E assim foi este concerto (lê aqui).

Peaking Lights, o veterano duo da experimentação electrónica de São Francisco deu duas voltas ao trinco deste terceiro dia fazendo uso do seu arsenal onde pontifica o dub (ou neo-dub), com uns quantos samples e sob a bandeira dos estados de consciência. Orelhudos que chegue, também passaram pelas fronteiras da synthpop de pendor psicadélico, afastando-se do psicadelismo de álbuns como 936 ou Lucifer.

Uma hora chegou para o relambório aeróbico e pelas três da matina foi a vez de mais panados com pão para a ceia ou de ir para o colchão insuflável ou para a cama.


sobre o autor

José V. Raposo

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