Reportagem


Throes + The Shine

Não culpem a banda pelo aquecimento global

Super Bock Super Rock

13/07/2017


Agora, que todos já digeriram a frustração de ontem não terem tido a oportunidade para afinar gargantas ao som da “Under the Bridge”, vamos lá então falar de assuntos sérios e do maior festão que vimos no primeiro dia do Super Bock Super Rock: o rockuduro dos Throes + The Shine no palco LG. O palco mais esquecido do festival, mas de onde surgem muitas vezes as melhores surpresas.

Para quem ali chegou ainda embalado pelo bonito concerto, mas ameno, de Kevin Morby, o choque foi frontal. No fim, nenhum ferido a reportar, excepto algumas ancas que se terão desalinhado pelo meio da descarga eléctrica que este colectivo, fusão de outros dois colectivos, os Throes e os The Shine, atiraram sobre o público. Oriundos do Porto, são a prova de que a batida já estravazou há muito as margens de Lisboa. Na plateia, feita de fãs, curiosos, bailarinos de festivais e alguns estrangeiros atordoados, houve sempre um denominador comum – muita alegria.

Se a batida angolana atravessada pelo rock, com muitas pinceladas electrónicas, dos Throes + The Shine, não fosse já por si suficiente para resgatar dos mortos qualquer zombie adormecido, a dupla responsável pelas vozes deu a machadada final. Os angolanos sabem puxar pelo povo como ninguém, saltando para a plateia diversas vezes, pedindo muito barulho, e depois, ainda mais barulho, tudo isto pelo meio de uma dança incansável e acrobática, que nos deixa sem folêgo só de assistir. E, já agora, falemos também das indumentárias de cores garridas das capulanas angolanas, que até tiveram direito a troca a meio do concerto. E falemos também desse calção de ganga desfiado tão na moda nestes festivais verão, mas que até ontem ainda ninguém tinha legitimizado como o glúteo musculado de Diron.

Igor Domingues, na bateria, e Marco Castro, na guitarra e sintetizadores, também não se deixam ficar e o resultado é uma mistura explosiva que só prova que o rock é dos estilos mais maleáveis que conhecemos, que quando se funde com outros opostos, proporciona resultados bem interessantes. Assim de repente, lembramo-nos também de como os Diabo na Cruz criaram o seu roque popular.

A maior festa ontem viveu-se afinal fora da MEO Arena. As temperaturas elevadas fizeram rebentar o termómetro, mas não culpem os Throes + The Sine pelo aquecimento global. A verdade é que o concerto “bateu bué”.

Galeria


(Fotos por Hugo Rodrigues)

sobre o autor

Vera Brito

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