Reportagem


Capitão Fausto

Lux

29/04/2016


© Vera Marmelo

Só ainda estamos no quinto mês do ano, mas “Capitão Fausto Têm os Dias Contados” promete ser um dos mais bem sucedidos discos nacionais de 2016. A provar isso estão os aplausos em várias publicações e os concertos a abarrotar. E o Lux não foi excepção. Assim, as duas datas seguidas na capital esgotaram em tempo recorde.

Por volta das 23h30 sobem a palco perante uma casa cheia pela segunda noite consecutiva. Começam com a faixa que abre o disco, “Morro na Praia”, orelhuda q.b. e muito radio friendly. E basta o início para se ver que os Capitão Fausto já chegaram ao patamar em que se podem gabar de ter fãs ferrenhos. É vê-los cantar verso por verso enquanto olham atentamente para o que os músicos fazem em palco, extasiados e sorridentes. O público retribui solenemente em formato eufórico, aquilo que este álbum lhes deu.

O concerto tinha o mote de promover o novo disco, mas ainda assim os dois álbuns anteriores não foram deixados de parte, porque se há fãs recentes a assistir, há que pensar nos antigos que gostam de reviver memórias. Seguem-se duas faixas de Pesar o Sol. “Célebre Batalha de Formariz”, origina uma óbvia agitação na audiência e se a música pede para dançar abrem-se alas para a veloz e pulsante “Litoral”. Inevitável o mosh e o crowdsurfing.

“Os Dias Contados” é um tema que o público sabe de cor e canta em uníssono. A seguir vem “Tem de Ser”, do novo registo, uma canção gingona e suave sem grande levantar de ondas, mas que dá para abanar os corpos. Entretanto, no final de cada canção há palmas e vozes a pedir “Teresa”, mas sem efeito. “Supernova” e “Zécid” continuam a fazer as delícias deste concerto que parece um best of e no entanto conseguem homogeneizar as diferentes fases da banda, tornado-se numa reflexão da mesma sobre o seu percurso.

Em “Corazón” temos aquela homenagem a Beatles, depois “Ideias”, onde se sente a guitarra enérgica e que provoca o turbilhão na sala. Um fã mais bebido decide então subir a palco e devido à insistência em conversar com os músicos, tem que ser retirado por alguém com caparro para isso. Com “Mil e Quinze” voltamos de novo a 2016, mas o tema remete para os sixties, com um pouco de Pet Sounds, dos Beach Boys, à espreita.

Para o encore fica a genial “Alvalade Chama Por Mim”, o tema que encerra este álbum novo e que almeja uma vida mais madura, que reflecte também a direcção da banda, a maturidade musical e o aprimorar do som. Vamos ainda a Pesar o Sol, com “Maneiras Más”, que nos transporta para um cenário anos 60/70 e o rock psicadélico, com a luz ténue, os cigarros na boca e os teclados à la Doors. Para terminar de vez, revisitamos Gazela, com “Verdade” e com o vocalista Tomás Wallenstein a deitar-se de costas por cima dos fiéis e a ser levado em braços enquanto toca deitado.

Saldo positivo para um concerto que já se esperava fiel à recepção que o álbum tem conseguido. Pelo andar da carruagem, talvez seja uma questão de contar os dias até os Capitão Fausto se tornarem numa banda nacional de renome.


sobre o autor

Andreia Vieira da Silva

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