No que diz respeito a rock de carácter mais oculto e melancólico, os Holandeses GOLD têm que ser das melhores bandas, senão a melhor, dentro de um género que mal é um género, dada a dificuldade em classificá-los. Já com crescente reconhecimento, mas ainda como um tesouro escondido para muitos, “Why Aren’t You Laughing?” chega com ares de culminar, de aperfeiçoamento de um som constantemente evolutivo, que já se molda desde a ainda psicadélica estreia “Interbellum.”

Musicalmente, é o tal disco difícil de classificar, com o rótulo atribuído na caixa acima a ficar limitado e sem fazer jus ao que realmente se encontra. Se a escuridão do rock gótico e de um deathrock é o principal manto que se ouve, cobre outras camadas de pós-rock, de dream pop e ainda há um lençol metalizado que faz deste registo mais pesado que muito metal, isto sem falar das tão díspares e possivelmente disparatadas comparações que se podem fazer com Swans, – “Truly, Truly Disappointed” – Joy Division, – “Mounting into Bitterness” – ou até Lana del Rey – “Till Death Do Us Part” – sem estar propriamente a soar a alguém além deles mesmos. Porém, “Why Aren’t You Laughing?” não é um disco desses que fica bem descrito com uma lista de géneros e influências para situar o curioso. Faz tanto jus como a vaga atribuição de rótulo.

Como sempre, há muita profundidade nas canções aparentemente simples dos GOLD, por entre as melodias pegadiças e taciturnas, que adicionam emoção ao vício – como bem fazem “He Is Not” ou a faixa-título, sem descartar qualquer um dos outros temas. Somos levados pela mão por Milena Eva, inevitável figura central com a esplêndida voz que também tem vindo sempre a evoluir desde que nos pôs a bailar com a “Medicine Man” do disco de estreia, que tira proveito da sua ligação pessoal às letras para aprimorar a sua performance. É um disco digno de se recorrer a alguns “palavrões”: há aqui canções que podem ser descritas como perfeitas; os GOLD são mesmo das melhores coisas que por aí andam actualmente.