Filho da Mãe & Ricardo Martins

Tormenta
2016 | Revolve | Rock

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Com toda a certeza que todos nós já tivemos contacto com trabalhos musicais tanto do Rui Carvalho como do Ricardo Martins. No primeiro é fácil reconhecê-lo como Filho da Mãe e é também esse nome que empresta a este projeto. Em relação ao Ricardo talvez o possamos conhecer como baterista de Lobster, Cangarra, Adorno ou do último trabalho de Jibóia. E também já não é a primeira vez que ambos se cruzam musicalmente, tendo tocado juntos em projetos como I Had Plans. Agora, com carreiras musicais mais maduras decidiram voltar a juntar-se presenteando-nos com este belo Tormenta.

A maturidade musical trouxe consigo a enorme qualidade técnica que já podemos sentir em todos os outros projetos de que ambos fazem parte e este disco não é exceção. Para além desse facto, temos também aqui uma prova da versatilidade musical e sonora dos dois, o Ricardo já nos tem vindo a habituar a tal nos seus mil e um projetos sonicamente tão diferentes, mas eis que se olharmos para a parte de Filho da Mãe na coisa rapidamente percebemos que a guitarra mais clássica, personagem principal no trabalho a título singular, deu lugar à elétrica sem com isso atrelar um som muito mais rockeiro e distorcido, com toda a técnica e precisão a permanecer lá.

A viagem não é muito longa e inicia-se de uma forma bem bonita com a melodia de guitarra de Estrela e Acabada, um exemplo perfeito daquilo que escrevemos em cima e, quando quase para os três minutos entra a bateria, parece que todo um mundo fantástico está com as portas escancaradas e pronto para nos submergir. As coisas começam a ficar mais tensas em Tartaruga, com os seus apontamentos de efeitos sonoros que circulam à nossa volta prenunciando Pessoal Beto Em Sítios Chungas, que tresanda à incongruência que, também ela, nos circunda hoje em dia, a vaidade e retidão misturada com a sujidade (e aqui sim, entram as distorções). Toda a versatilidade estilística presente em apenas seis músicas pode ser comprovada, por exemplo, com A Tia Dela, fazendo um paralelismo com uns quaisquer Memória de Peixe mais introspetivos e, por falar em introspectividade, pois que chegamos a Tritão, que com os seus quase oito minutos nos proporciona uma autêntica viagem dentro da viagem.

Resumindo, este disco é mais uma excelente adição à discografia na carreira de ambos os músicos que apesar da sua excelência em termos de execução dos respetivos instrumentos souberam não se ofuscar um ao outro e trabalhar em prol da qualidade musical, usando o que faz sentido a cada momento.


sobre o autor

Joao Neves

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