Matt Harvey, original sobrevivente e alma dos Exhumed, sempre foi um acérrimo defensor da hook e de um factor “orelhudo” nas suas canções, mesmo que sejam de death metal e grindcore nos seus estados mais violentos. É para nos moer a cabeça e para ficar lá. Assim foi fazendo ao longo das já quase três décadas de carreira e é o principal factor atractivo para este tão simplesmente intitulado “Horror.”

Isso e o posicionamento dos Exhumed na história da música extrema. O seu clássico “Gore Metal” já conta mais de vinte anos e a sua actividade só se tornou mais assídua desde que se reuniram em 2010, após um hiato de cinco anos, sendo este já o quarto disco de originais após essa interrupção, sem que exista ali um que esteja abaixo da fasquia. Envelhecer só tem deixado esta malta mais louca ainda. Especialmente se estiverem tão em contacto com as suas raízes, que é o caso deste “Horror” que acaba por se aproximar mais do supracitado clássico de estreia, sem deixar de lado as aventuras melódicas, técnicas e modernas dos álbuns anteriores. Despacham esta enxurrada em menos de meia hora, como deve ser, atiram-nos os riffalhões todos, as doentias melodias rápidas, os duetos vocais, que se recuperaram após o regresso do baixista Ross Sewage ao alinhamento em 2015. No final, aquele sangue e tripas da capa, temos que o sacudir, após o espirrarem todo para cima de nós.

Mais directo ainda que aquilo que nos tinham vindo a habituar ultimamente, sem negar os tais factores modernos. Os temas são invariáveis e até há uma ode ao grindcore clássico com uma “Utter Mutilation of Your Corpse” a não passar da exclamação desse título numa faixa que ronda os cinco segundos. Sempre com aquela sádica boa-disposição – e assista-se ao videoclip de “Naked, Screaming, and Covered in Blood” para tirar dúvidas – para que a festa no meio da carnificina seja animada e, nas paragens de todo o abanar de cabeça e pescoço, há solos para deliciar. Não é um álbum de invenções, é apenas uma fórmula que ainda não se gastou e consegue ser feita com a mesma violência dos inocentes dias de juventude. E passe-se ao ultraje, que tal coisa só pode soar a asneira, mas até há classe nesta javardeira.