Alicerçado no rock, o espírito dos .cruzamente não é saudosista, mesmo que venerem os antepassados e confiem na fraca memória que possuem como prova da intemporalidade de algo. De igual modo, também não procuram o futuro. Volta e meia, apercebem-se dele, vêem-se nele envolvidos, quando erguem o olhar até então preso aos seus instrumentos. Nem tampouco se procuram a eles mesmos, pelo menos enquanto grupo. Talvez seja isso, quando juntos, são. Sem buscas, sem querer. O que faz com que, a quem passa, pareçam crianças, numa bolha a esvoaçar sem nunca tocar no tempo. Afinal, têm uma pretensão, que essa bolha possa carregar o máximo de gente e de lugares com eles, e flutuar sem tempo e sem rumo.
Depois de três EPs, o primeiro álbum “um bicho como nós“, produzido, captado e misturado por Pedro Vidal (Jorge Palma, Blind Zero) e masterizado por Mário Barreiros, foi editado no passado dia 10 de Maio.
#1 deixa-me sair
Criada durante a pandemia, nela é libertada muita angústia pelos tempos vividos.
#2 bichos
Música intensa que depois de escrita nos levou ao livro de contos homónimo escrito por Miguel Torga e que deu origem ao título do álbum “um bicho como nós”.
#3 então
Tema mais swingado do álbum, relativamente raro nos dias de hoje.
#4 ser de passagem
É simultaneamente o tema mais progressivo e uma das que consideramos ser as mais “orelhudas”.
#5 grito
Tema mais produzido em estúdio de todo o álbum. Consideramos uma boa conquista da banda.
#6 ilusões
Difícil de finalizar em termos estruturais, sentimos que é a música mais cool do disco.
#7 mosquito
Possivelmente a que mais mudou após a pré produção. Partindo de uma das mais alternativas, transformou -se num tema bastante dançável e orelhudo.
#8 custou
Uma canção que nos define muito bem, muito groovy, mudanças de ambientes, refrão bem potente, estrutura imprevisível.
#9 à sorte e ao azar
Um blues-rocker que demonstra as nossas origens, com um progressivo aumentar da intensidade ao longo da canção e com a harmónica a ter um papel de destaque.
#10 depois do fim
A balada do disco. Um tema que sofreu muitas alterações em estúdio e que nos deixou bastante surpreendidos com a nossa performance. A guitarra wah-wah é do Pedro Vidal.