Uma paixão quase platónica, um primeiro beijo adiado por largos anos, enquanto escolhia outras como a guitarra elétrica ou clássica, Luís Fernandes aka L-Capitan ganhou coragem e abraçou a guitarra portuguesa como sua.

Disse o grande Nicolau Breyner “tirar o fado do ambiente tão soturno” mas Soturna apenas pretende trazer esse ambiente para outros contextos e com a sonoridade da guitarra de Lisboa viajar por ritmos de outras latitudes, unir estéticas sonoras que não se costumam tocar. Reinterpretar a Guitarra Portuguesa no século XXI.

L-Capitan viajou muitos anos pela produção musical trabalhando com outros artistas em projectos próprios de diferentes estilos. Agora, quer aliar o chorar da guitarra portuguesa com os lugares musicais por onde passou. Entrem neste barco e naveguem com L-Capitan.

Gosto de começar pelo ínicio, como toda a gente. Esta música é uma breve ode à guitarra clássica e aos seus típicos arranjos e foi através desta estética que tive o primeiro contacto com a guitarra aos oito anos de idade.

Um forma de expressar o meu apreço por ter calcorriado desde tenra idade os bairros mais típicos de Lisboa e de ter absorvido a sonoridade típica desta linda cidade. Uma marcha em tom de fado que termina com um pequeno poema, a única música deste EP com esta característica vocal e que tanto me deu vontade de me aventurar com a guitarra Portuguesa.

Não tenho qualquer tradição musical na minha família, mas felizmente a minha querida mãe deu oportunidade aos seus filhos de estudarem música. Estive em vários projectos músicais ao longo da minha vida mas nunca tinha tido oportunidade de compor um tema com as minhas duas irmãs. Com base em ritmos latinos e algumas influências africanas (ritmos que me toldaram como produtor) surge a ANA , LUÍS e BEATRIZ, por ordem de idades, a ALB, um tema da minha autoria mas que conta com o arranjos de teclas da minha irmã mais velha e um toque de flauta transversal da minha irmã mais nova.

Esta foi a música que me empurrou para a guitarra portuguesa, embora a melodia orginal e os arranjos possam ser associados ao flamenco, foi na tentativa de esculpir este tema com outros instrumentos que percebi que a Guitarra Portuguesa com a técnica de Lisboa era a melhor escolha para voz principal. Daí surgiu a necessidade de me envolver com este instrumento que há muito namorava.

Um tema em tom de oração, com uma estética actual, que procura misturar sonoridades de um oriente próximo encarnados na guitarra portuguesa. Forte e emotivo, é assim que gosto da minha música, que não fique indiferente e seja impactante.

Nesta curta experiência inferior a um ano com a guitarra portuguesa tenho tido bastantes alegrias e nunca me senti tão pleno musicalmente. Toco as vezes pelas ruas e jardins de Lisboa sempre que tenho tempo, porque sinto que muito da guitarra portuguesa deveria viver nesses locais, o meu primeiro concerto foi curiosamente nas Caldas da Rainha onde fui muito bem recebido com casa cheia e ovações e toco regularmente em restaurantes e bares de Lisboa. Dia 18 de Maio estarei no Bar Mais Triste da Cidade e todos os sábados toco no Erva Restaurante do Hotel Corinthia a partir das 20h, há sempre oportunidade para ouvirem temas típicos da Guitarra de Lisboa intercalados com os temas da minha autoria e deste EP.