Ricardo Reis Soares nasceu em Braga e vive em Lisboa. Muito novo teve aulas de piano e mais tarde descobriu na guitarra uma confidente ouvinte das suas histórias. Passou pela Academia Valentim de Carvalho e estudou jazz no Hot Clube de Portugal.

Músico, compositor, traz para as suas canções a sua interpretação do mundo através da sensibilidade de quem o escuta devagar, o olha através dos detalhes e conta histórias através de seus personagens. O quotidiano, as coisas mais simples do dia a dia, têm sido o que mais o inspira a compor e a escrever.

O EP “contra tempo” é composto por seis canções originais escritas em português. Pode ser compreendido como um EP de apresentação, o qual revela a forma como o cantautor vive o dia a dia através da sua escrita. Este tem vindo a perceber que o que mais o identifica talvez seja a profundidade com que vê e entende as coisas mais simples e superficiais do quotidiano. Muito influenciado com a escrita poética de autores como José Saramago ou pelas imagens e cores que os romances e a música de Chico Buarque lhe pintam os dias, este conjunto de canções retratam histórias reais quanto mais não seja a partir do momento em que estas lhe vão surgindo inspiradas em alguma constatação ou interpretação da realidade. Em termos de estilo musical, as canções podem ser caracterizadas como indie/pop, singer-songwriter, talvez com influência do jazz, sua formação e estilo que também aprecia e consome.

#1 Diz-me quanto tempo

O tempo é um tema predominante no desenrolar do disco. Desta vez, é confrontado com
interrogações importantes e que gostava de ver compreendidas. Talvez por lhe ter algum medo
e respeito ou simplesmente por tentar que não se lembre de mim, a passagem do tempo
aparece com uma atitude de querer interromper num momento em que sonhar é preciso.
Quanto tempo leva o tempo a gostar de alguém? Existe uma hora certa?

#2 A noite

Será o segundo single a ser revelado. Fala da dificuldade que pode existir em atravessar a noite,
principalmente quando a solidão aparece de mãos dadas com o apagar da luz. Os locais mais
silenciosos como um quarto vazio, podem tornar-se ensurdecedores. A nossa companhia pode
tornar-se a mais inconveniente. Esta canção fala sobre esse sentimento. Sobre a necessidade de
fugir do silêncio enquanto as ruas de uma cidade adormecida são percorridas.

#3 A velha bailarina

Será o terceiro single a ser revelado. Retrata a história de uma mulher idosa, bailarina, cuja
passagem do tempo não a esqueceu. Ela encontra-a em cada gesto e em cada movimento do
seu próprio corpo. Retrata a velhice e como esta se faz notar não só fisicamente como na
perspetiva com que o mundo pode ser olhado na sua presença.

#4 Qualquer coisa

Trata-se da canção mais recente incluída no disco. Fala sobre amor, numa tentativa de recolher
e descrever precisamente o instante em que este é percecionado.

#5 Olhos de Inês

Esta a canção mais imaginativa e menos concreta do disco. Apesar de ser uma descrição dos
seus olhos, o ambiente luminoso tem muito que ver com o sonho, com a suposição do que
estes possam guardar e da necessidade de os compreender.

#6 Gotinha de água

O disco fecha com a canção mais antiga deste conjunto. Foi inspirada numa história que vivi de
perto. Trata-se de alguém que atravessou um oceano sem saber o que esperaria do outro lado.
Longe de imaginar que por mais dificuldade que encontrasse na adaptação a uma nova vida e
cultura, jamais iria querer voltar definitivamente. A casa pode muito bem ser a presença duma
outra pessoa independentemente do local onde se encontram. Talvez o oceano fosse apenas
uma gotinha de água que sem saber os unia.


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