“Aconteceu” é o quarto disco de originais de Gruteta e foi composto ao longo de cinco anos depois de ter sido editado “Sur Lie“. Feito durante um longo hiato longe dos concertos, fazendo com que toda a atenção do músico tenha caído sobre a composição, Grutera procurou explorar um som mais denso, mais cheio e corpulento, recorrendo por isso pela primeira vez a uma guitarra semiacústica eletrificada e à utilização de pedais de loops e efeitos.
Captado e masterizado por Tiago e Diogo Simão, dois amigos que gravaram os anteriores 3 discos, desta vez o disco foi gravado em casa dos pais de Grutera, numa pequena adega, o que ajudou bastante não só na sonoridade como também na inspiração, tendo sempre o conforto de uma casa onde, apesar de já não viver, sabe sempre bem regressar.
O disco, editado pela Planalto Records, arranca com alguns temas mais próximos do que era Grutera nos discos anteriores, com um som mais limpo e melodias mais similares aos anteriores trabalhos e vai gradualmente ganhando mais eletricidade e corpo até ao final do álbum, num crescendo de experiências entre loops e efeitos.
Os temas “falam” essencialmente sobre memórias e fases da vida que foram “acontecendo” ao longo destes 5 anos, nas quais Grutera se afastou um pouco dos palcos e da indústria da música para se dedicar apenas a compor e a outros projetos. É por isso um disco de catarse em que cada canção diz respeito a uma recordação ou um sentimento, canalizado para uma guitarra.
#1 A Partir Daqui
Foi a primeira composição para este disco.
#2 Para mim, és assim
Sobre quando achas que conheces uma pessoa, ainda que nunca tenhas falado com ela o suficiente para achares isso.
#3 Perto é sempre melhor
É sempre melhor quando estás perto daqueles que gostas. Como sou da Nazaré, mas vim estudar e fiquei a viver no Porto, estou sempre perto de umas pessoas mas longe de outras.
#4 Lume
Inicialmente chamava-se “Não mexas no arroz” e era porque eu estava a fazer arroz enquanto estava a compor a música. Mas o produtor não deixou ficar esse nome, gravamos lenha a arder por cima e chamamos-lhe “Lume”.
#5 Vestígios
É uma experiência de produção que o Tiago Simão fez com vestígios de takes gravados para o disco.
#6 Braga de Marilu
Foi feita em Braga numa residência que fiz lá com o Tiago e Diogo Simão (produtores do disco), fomos para casa da minha avó. Casa essa onde passava férias porque é uma das cidades da minha mãe “Marilu”.
#7 Fica entre Nós
É bonito quando tens memórias, momentos partilhados entre ti e os teus e que podes dizer “fica entre nós”.
#8 Perceber no Fim
Muitas vezes as coisas acontecem e não sabes bem porquê, mas no final existe sempre uma resolução ou uma explicação para terem sido assim.
#9 Ultramar nas Mãos
É uma música mais quente com um ritmo quase africano e comecei a trabalha-la em casa dos meus pais, que fica na “Rua (…) do Ultramar”.
#10 Em frente
No final temos de olhar sempre em frente, o que está para trás ficou e por melhor ou pior que seja, nunca existe outra alternativa que não seja, seguir em frente.