Esperamos bem que nunca tenham descartado as boas referências que o Canadá já tem na hora de procurar algum nome novo do death metal mais brutal. Dying Remains é um nome a ter em conta e “Merciless Suffering” é uma estreia que já nos vai deixar um tempo a limpar o que ficou à nossa volta. Metade vem da mera destruição, a outra metade é mesmo um chiqueiro de tripas. Que nem um filme de terror, como eles tanto gostam. Até pode ser que lhes dê para fazerem um! Por acaso é um dos muitos pontos abordados nesta conversa com o vocalista e multi-instrumentista Damon MacDonald sobre o medonho disco de estreia.

Merciless Suffering” é uma estreia mesmo intensa e brutal! Como conseguiram soar tão maduros no vosso álbum de estreia? Há quanto tempo estão estas canções a ser preparadas?

O “Merciless Suffering” foi escrito ao longo de dois anos. Quisemos mesmo sentar-nos e focar-nos em fazer um álbum de estreia muito forte, construido no fundamento daquilo que criámos com o nosso EP “Entombed in Putrefaction”, e acho que o conseguimos. É ameaçador, brutal e pesado. Tomámos esse tempo todo para trabalhar realmente as dinâmicas dentro das canções e para nos certificarmos de que estamos a colocar cá fora o melhor material possível nesta altura da banda, e estamos muito entusiasmados com a forma como ficou.

E não é só riffs demolidores, o disco tem um conceito doentio e retorcido! Podes resumir a estória que estão a contar?

As estórias das letras do disco estão vagamente ligadas, mas especificamente as primeiras cinco faixas realmente compõem um enredo e um cenário. A faixa-título “Merciless Suffering” é uma vista geral sobre uma expansiva câmara de tortura, e canções como “Hung and Drawn”, “Upon the Torture Rack”, “Chamber of Cruelty”, e “Sawblade Execution” decorrem dentro desta masmorra. Cada uma das canções representa uma das divisões dentro da câmara e cada canção retrata várias formas de tortura a acontecer ao longo do percurso. O fecho do álbum, “As the Blade Swings Down”, é sobre um dos cativos da câmara de tortura que eventualmente foge e massacra os seus captores enquanto escapa.

Death metal, como qualquer outro estilo, pode falar de muitas coisas diferentes. Mas facilmente anda de mãos dadas com cinema de terror. Sentem que é uma parte essencial da vossa música? Algum dia existirá um álbum de Dying Remains com uma temática diferente?

Da forma que escrevo as letras, estarão sempre enraizadas no terror e no gore, já que eu eu gosto imenso da temática, e a temática em si encaixa bem com a música. Pessoalmente, não gosto muito de escrever letras sobre tópicos sérios, especialmente quando tenho uma paixão tão grande por filmes de terror e mídia de terror, assim como a depravação humana para com o próximo, especificamente há centenas de anos atrás.

Algum filme de terror em particular que te tenha servido de inspiração para escrever estas canções?

Para letras relacionadas com filmes, não tive propriamente algum, mas alguma inspiração visual tive, com certeza. Como o verso “Ripping the flesh from the face, exposing the skull” (“A arrancar a carne do rosto, expondo o crânio”), que é uma óptica do “Day of the Dead” (“O Dia dos Mortos”), do George A. Romero. Mas maioritariamente, muitas das letras provêm de estórias sobre a Torre de Londres e muitos registos de métodos de tortura usados ao longo da história.

E já têm um videoclipe que dá uma amostra dessa violência e conceito retorcido. A parte visual é algo que considerarão sempre importante na banda? Já têm algumas novas ideias?

Acho que, visualmente, a banda terá sempre uma estética de terror/gore, a imagem anda de mão dada com as letras e o tom dos Dying Remains. Com certeza teremos mais videoclipes com lançamentos futuros que reflitam isso, mas actualmente as novas ideias ainda se estão a formular. Mas prosseguirão, certamente, dentro do mesmo caminho que já estabelecemos.

Fazer o videoclipe já vos saciou algo ou até alimentou o desejo para, um dia, quem sabe… Um de vocês realizar um filme de terror?

Fazer o vídeo foi extremamente divertido! Não somos muito conhecedores em efeitos especiais ou práticos, de gore, de alguma forma, portanto experimentámos uma data de ideias, como as tripas que fizemos, que eram super simples. Mas principalmente, foi tudo só uma desculpa para filmar uma curta-metragem de terror, muito curta, com amigos, e foi essa a melhor parte. Só estarmos a curtir e a divertir-nos. Quanto a um dia fazer algo a sério, aposto que seria divertidíssimo, sempre quis fazer alguma espécie de filme de “found footage” com câmaras de VHS da Sony, mas nunca tive propriamente tempo para realmente tentar e planear ou escrever algo para isso. Mas talvez um dia!

Em termos musicais, não têm problemas em ter as vossas influências à vista. Que bandas e discos em particular consideram essenciais para a receita do “Merciless Suffering”?

Para o álbum, e para a banda em geral, as maiores influências resumem-se a Morta Skuld, Obituary, Jungle Rot, Asphyx, Dying Fetus, Cannibal Corpse… Montes de death metal midtempo dos 90s e simplesmente riffs pesados. Apenas quisemos pegar no que adoramos ouvir e colocar-lhe as nossas ideias.

Existe algum gosto musical diferente dentro da banda que talvez possa trazer influências subtis para a vossa música? Ou qualquer coisa fora do espectro do death metal fica fora, talvez guardado para algum side project?

Dentro da banda, todos ouvimos praticamente do mesmo death metal mas todos gostamos das nossas cenas fora dele também. Misturas de country clássico, rap/hip hop, pop, thrash, hardcore… Gostos muito mistos, portanto há sempre algo além de death metal a tocar na carrinha durante grande parte do tempo.

Que planos já têm para a estrada e para os palcos? Alguma “bucket list”?

Actualmente estamos numa tour pela América, desde 15 de Setembro até 13 de Outubro. Já vamos em duas semanas e esta digressão Americana foi sempre uma das buscas da nossa “bucket list.” Portanto estar finalmente aqui é um feito enorme para nós e estamos extremamente gratos por podermos fazer algo deste género. E esperamos estar de volta para muita estrada em 2026.

Existem imensas bandas lendárias de death metal do Canadá. Mas sentem que falta mesmo uma cena de death metal Canadiano? Ou há algo que ainda esteja a escapar ao resto do mundo?

A cena death metal Canadiana, na verdade, está extremamente forte agora! Montes de bandas underground como Snakepit, Last Retch, Mortuary Slab, Congealed Flesh, Autolysis, Scorching Tomb, Outre Tombe, Sedimentum, Primal Horde… Montes de bandas de death metal extremamente talentosas saídas do Canadá que precisam de maior reconhecimento, sem dúvida. O Canadá fica um pouco esquecido no que toca à música extrema, mas asseguro-vos que a música que temos é death metal de qualidade de topo.

Obrigado pelo tempo dispensado numa entrevista connosco! O nosso álbum de estreia “Merciless Suffering” já saiu através da “Maggot Stomp Records” e podem ouvi-lo em todas as plataformas de streaming, assim como também podem comprar CDs, cassetes e vinis através da nossa loja online!

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