Reportagem


Built To Spill

Não admira que seja segredo

NOS Primavera Sound

06/06/2019


Pérolas do alternativo, banda de culto, “conheço de nome, mas nunca ouvi”, são epítetos que acompanham a banda estadunidense nesta digressão nostálgica dos vinte anos de Keep It Like a Secret.

Se isto de tocar apenas um álbum de fio a pavio e nada mais parece uma proposição arriscada, bem, é porque é.

Em abstracto, se nos perguntassem para avaliar de zero a dez o quão interessados estaríamos na versão post-rock de um concerto de Neil Young, a resposta era dez. E por momentos, ouvir o que parecia Ben Gibbard a cantar por cima daquela canção dos Space Hog (só há uma, é mesmo essa), alvorava um concerto interessante.

Só que não.

Não há demérito nenhum para os temas de Keep It Like a Secret, é o tipo de indie-rock espacial com a quantidade certa de apelo imediato que habitualmente defendemos. No entanto, não há nada que salve um espetáculo em modo “levantar cheque”. É como assistir a um bom ensaio. Tudo é bem tocado, mas nada causa impacto.

Houve certamente quem gostasse – estavam lá a dançar como se os cogumelos acabassem amanhã – mas para qualquer pessoa que não estivesse já rendida ao encontro, o concerto não deixou nada sobre o que escrever para casa.

Seriam as 20.20, meia-hora depois de entrarem em palco, que Doug Martsch se dirige ao público com um obrigado. Seria preciso esperar pela recta final do concerto para algo mais desenvolto. “How are you all doing today?” perguntava. A resposta foi – até contra as nossas expectativas – um sim bastante sonoro. “Good, me two.” A sério, Doug, estás mesmo? Enganavas-nos.

Por esta altura já tínhamos feito o nosso check-out mental ao concerto. Ainda ouviríamos “Broken Chairs,” mas só de corpo presente. Um bocadinho como a banda.

Galeria


(Fotos por Hugo Rodrigues)

sobre o autor

Jorge De Almeida

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