Reportagem


BadBadNotGood

A causa é o jazz

Vodafone Paredes de Coura

18/08/2017


© Hugo Lima | fb.me/hugolimaphotography | hugolima.com

O centro dos BadBadNotGood está na bateria. A banda canadiana tem baixo, teclados e saxofone, mas a percussão manda. Para além de ser um baterista com uma dinâmica e uma alma incríveis, Alexander Sowinski é um rei a mobilizar o público para a causa da banda. E a causa é o jazz, ora mais espacial, ora mais ácido. Aliás, a banda saudou a meio Andy Shauf e Young Fathers, mas é pena que não conheçam Bruno Pernadas. Por um dia, o jazz ditou as leis num festival rock.

Já sabíamos do virtuosismo e do estilo desafiante (sem excesso de improvisação) da banda em disco. Aliás, conseguiram a proeza de, num dos temas, ter a voz de Sam Herring (Future Islands) sem que, com isso, significasse chutar para canto a parte instrumental. Seja como for, nunca imaginávamos que pudessem ser tão festivos em palco.

Sowinski convida-nos a flutuar em “And That, Too” e, mais à frente, ele próprio flutuaria numa dança freak com o saxofonista. E, no fim, o inesperado aconteceu: depois do baterista pôr toda a plateia agachada, a aceleração da percussão provocou uma tal loucura no público que chegou a haver um breve momento… de moche. Sim, moche num concerto de jazz. No fundo, ficou a lição de como transformar um certo snobismo do jazz, ainda para mais 100% instrumental e com muita improvisação, numa verdadeira festa popular. “BadBadSOGood”, sugeriram ao nosso lado. Melhor concerto dos primeiros três dias, arriscamos sem grande margem de erro.


sobre o autor

Joao Torgal

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