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Neon Noir
2023 | Heartagram Records, Universal, Spinefarm | Rock alternativo, Rock gótico, Hard rock

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Desengane-se quem acha que o tempo passa, a miudagem cresce e o buraquinho nos corações deixado pelo final dos HIM acaba por fechar. Não, este “Neon Noir” é muito bem-vindo, com Ville Valo a apresentar-se a solo e a abreviar o seu nome. Numa era de nostalgia, ainda por cima, para vir com propósito e pontualidade. Não é que fosse menos bem recebido noutra altura, mas agora é que estávamos todos prontos para mais uma dose de romance juvenil embebido em tragédia, para todos os que gostavam tanto disto. Até mesmo os que nunca o quiseram admitir.

É uma deliciosa familiaridade, o que se ouve aqui. Com as suas devidas diferenças. Ville faz isto sozinho e veste a casaca de multi-instrumentista, logo falta aqui cunho de ex-colegas de banda. E sim, “Neon Noir” é bem mais levezinho que muitos clássicos dos HIM. Mas é impossível não o sentir como o autêntico sucessor de “Tears on Tape,” que já conta dez anos, com uma vertente mais leve que já se faz sentir desde “Screamworks” de 2010. Quando a voz é inconfundível, muito do resto é secundário e talentos para a melodia também não se perdem. Portanto um refrãozinho chorado como os de “Echolocate Your Love,” “Run Away from the Sun,” a faixa-título, “Loveletting,” ou “Salute the Sanguine” vêm derreter muita boa gente, que até vai aos arquivos do sótão ver se não andará por lá ainda algum caderno da escola com o famoso “Heartagram” lá desenhado.

Se falta muita da edge de clássicos como “Razorblade Romance,” “Love Metal” ou “Dark Light,” pode haver uma consciência propositada de deixar esses discos no seu devido sítio. Mesmo assim, “The Foreverlost” será do mais HIM que há por aqui – e que realmente tem laivos góticos, para quem acha esse termo mal atribuído aos Finlandeses – e até há um certo e aprazível peso doom em “Saturnine Saturnalia” – e se o uso desse termo também é ofensivo, então reiteremos e digamos que é mais “Venus Doom,” pronto. Enquanto a esperança não morre, com o próprio Ville a afirmar que nunca se deve dizer nunca a uma reunião dos HIM, vamos estando bem saciados. Este “heartagram” ainda bate e com muita saúde.

Músicas em destaque:

Loveletting, Salute the Sanguine, Saturnine Saturnalia

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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