Venom

Storm the Gates
2018 | Spinefarm Records | Heavy/Thrash metal

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O enorme respeito que uma banda ganha não invalida altos e baixos. Olhe-se para os Venom: até os fãs que quase lhe constroem um templo de adoração, como a banda mais sagrada de todo o metal extremo, os vai reduzir a apenas os dois primeiros álbuns. E “Storm the Gates” é já o décimo-quinto. Porque realmente nessa vasta discografia há de tudo, há alguma ou outra gema escondida, há os registos dispensáveis de qualidade duvidosa e até há alguns que já nem nos lembramos que existiram. Onde se pode situar este novo “Storm the Gates”?

Pode situar-se numa fase de aceitação e de calma. Em que já não há melindres entre membros, alinhamentos inconstantes e já podemos aceitar que existem duas entidades muito semelhantes, mas separadas e competentes. Se só estes actuais Venom e os Venom Inc. juntos é que dariam para igualar o estrondo e pujança que os originais Venom de outrora tinham? É bem capaz, mas é a tal fase de aceitação, de adaptação. Esse tempo já lá vai, já se vão contando as quatro décadas de carreira e não é hoje que homens maduros vão lançar um disco com a podridão, crueza e atitude de três miúdos que queriam fazer barulho, a todo o custo, com a paixão toda, sem saber bem como. Pede-se é que venha um conjunto de boas malhas que nos lembrem que, independentemente dos seus membros, estes são os Venom. E, felizmente, já desde o anterior “From the Very Dephts” que se pode sentir isso, essa atitude punk com esgar maldoso, o mal injectado só num riff, a descontracção representada por um malhão pesado de fazer abanar a cabeça involuntariamente.

É um thrash metal brutamontes, cheio de cuspidelas na cara, sem a pressão de ter que ser o proto-black metal com que se apresentaram porque já não dá, na altura não o “criaram” com consciência disso. Não é preciso mais que um Cronos – inevitável figura central – igual a si mesmo, uns riffs de agarrar pelos colarinhos como de “I Dark Lord” ou “Dark Night (Of the Soul),” algo tão cantarolável como “The Mighty Have Fallen,” uma punkalhada suja como “We the Loud” e uma língua afiada. Iguala os clássicos? Nem perto. Estende-se demasiado? Não fica longe de uma hora, quando antes partiam tudo passando pouco da meia, claro que há gordura removível. Mas são os Venom, influenciados por si mesmos, a fazer malhas. E, para já, basta, sabemos onde estão os discos que os tornaram uma banda de “Top 5” na influência de toda a música extrema.

Músicas em destaque:

I Dark Lord, The Mighty Have Fallen, We the Loud

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Venom Inc., Possessed, Celtic Frost


sobre o autor

Christopher Monteiro

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