Six Feet Under

Nightmares of the Decomposed
2020 | Metal Blade Records | Death metal

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Não vamos só atirar pedras ao Sr. Chris Barnes. Sim, é facílimo agora, o homem anda longe do seu auge e faz um tempo que ele dê alguma para a caixa, mesmo com todo o seu pretensiosismo de impor como é que o death metal deve ser. É que ele já tinha isso conquistado, é uma das figuras mais emblemáticas do género, esteve à frente de uma das maiores instituições da brutalidade e com esses mesmos Cannibal Corpse já assinou os vocais de alguns dos melhores discos de sempre. Agora tem os Six Feet Under, outrora também uma muito boa proposta, dezassete discos com eles, um novo “Nightmares of the Decomposed” e um estatuto de paródia não-intencional do death metal.

É triste mas isto já parece não ir ao sítio assim tão facilmente, Barnes está fora de forma, a sua voz em tempos tenebrosa, hoje já nem dá para se levar a sério e debate-se quando foi a última vez que um álbum dos Six Feet Under valeu realmente a pena. As vantagens que se trazem daí: já se parte para este “Nightmares of the Decomposed” sem qualquer expectativa e, ao menos, não é mais um “Graveyard Classics.” Mas não é preciso ir além da “Amputator” de abertura e já temos que abordar o elefante na sala. A voz de Barnes já é mesmo um estorvo aqui. Os seus guturais que já foram influentes estão hoje reduzidos a um ladrar e o seu guincho agudo – arrepiante e fantástico no mítico “The Bleeding” – é que é a morte do artista. Ouçam essas suas intervenções em faixas como “The Rotting” ou “The Noose” e decidam-se entre o horror e o riso.

Mas vamos encontrar o positivo nisto. É que tivemos mesmo notícias entusiasmantes em relação aos Six Feet Under nos últimos tempos. Que foi a entrada de Jack Owen, antigo colega de Barnes nos Cannibal Corpse e que andava ultimamente a riffar nos Deicide. Uma valiosa e promissora injecção de talento, uma reunião interessante e uma potencial recuperação de boas ideias. E é realmente no seu campo onde se podem dar os louvores. É que aqui, ao menos, já há riffs! Riffs com o groove certo, algo realmente palpável e memorável. Chega mesmo a ter riffs muito bons! É claro que fica marcado por aquele ingrato “assim que o Barnes abre a boca,” uma produção medíocre e, mesmo com bons riffs, sem hooks suficientes para que existam aqui assim tantas canções acima do monótono, mesmo quando o refrão é simples e catchy, acaba por ser insosso. Não há como escapar, parece ser isto que os Six Feet Under são agora, sem grande remédio. Mas abanámos a cabeça umas quantas vezes neste “Nightmares of the Decomposed!” Estavas quase lá desta vez, Barnes!

Músicas em destaque:

The Noose (o riff), Drink Blood Get High (o riff), Without Your Life

És capaz de gostar também de:

Cannibal Corpse, Deicide, Torture Killer


sobre o autor

Christopher Monteiro

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