Serrabulho

Porntugal
2018 | Rotten Roll Rex | Deathgrind, "Happy grind"

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Piadas correm sempre o risco de se gastar e até já são um pouco feitas para isso. É preciso saber renová-las e, para isso, convém saber concretizar o paradoxo de levar a piada muito a sério. Perguntem aos Serrabulho como fizeram para o seu terceiro disco, “Porntugal,” álbum em que melhor celebram um galhardo folclore português, bem embrulhado num pacote pesado, ruídoso e badalhoco.

E é aí que entra o fenómeno. A tal seriedade que se encontre num disco que tenha títulos da maturidade de um “Cagalhão com Ovo a Cavalo” e que mantenha o mesmo humor escatológico e javardo que já trazem desde o “inocente” álbum de estreia. É que nessa mesma estreia, eles – entre outras preciosidades – apenas queriam cagar e não podiam e, alguns anos depois, chegam a “Porntugal” com um tresloucado álbum conceptual, da mais bizarra homenagem ao folclore português, de carácter aldeão e cheio de vénias ao pimba, que realmente bem merece o nosso respeito. E fazem essa brincadeira mantendo a constante adoração gastronómica, com culinária que não se encontra propriamente no “24 Kitchen” e… fazendo-se acompanhar de variados músicos tradicionais, a surpreender e a enriquecer este chavascal cheio de bílis.

E afinal esta galhofa toda está a completar o quê? Malhões. Malhões tremendos. Que o que eles fazem ainda é grind a sério e, mesmo que os soundbytes, as passagens folclóricas e os sons flatulentos nos distraiam, o foco ainda pode estar no grind com os tomates – “Os Tintins do Tintin”? – no sítio e com riffs de partir o pescoço. Afinal de contas, mesmo que “happy,” isto ainda é grind e se calhar também é a parte de se levar um bocadinho a sério. Porque a malta gosta de música cheia de peso, de um bom riff, de abanar a cabeça. Mas também gosta de descontrair e dar umas risadas. Os Serrabulho dão-nos tudo num só fardo belo, aperaltado, imundo e fedorento.

Músicas em destaque:

Pito sem Penas, Cagalhão com Ovo a Cavalo, Dingleberry Ice Cream

És capaz de gostar também de:

Rompeprop, Gutalax, Happy Farm


sobre o autor

Christopher Monteiro

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