Talvez pela sua forte ligação ao seu passado medieval ou por necessidade de uns guerreiros guardiões do seu castelo, de Santa Maria da Feira saíram uns promissores porta-estandartes do heavy metal tradicional na sua forma mais épica. Nem um título como “Steel for Fire” enganaria e os Ladon Heads dizem-nos logo para o que vamos, assegurando que vamos desfrutar fazer parte desta batalha.

No lado épico da coisa, até parecem fazer alguns flirts com o lado mais doom disso, tendo sempre referências mais contemporâneas como Grand Magus. Mas nunca se chegam a submeter totalmente a esse lado, porque também não se querem comprometer logo com algo de demasiado específico. Mesmo que a fórmula ainda seja para se manter simples. E mesmo que tenham escolas nacionais bem estudadas como a dos Ironsword. Ao menos é das boas. No máximo, a partir dessa fusão talvez nos façam levantar questões como… e se os Iron Maiden tivessem feito o “Holy Diver”, mas numa versão mais doom? Nunca tínhamos pensado no semelhante antes? “Steel for Fire” dá-nos uma ideia estapafúrdia como essa e muito mais.

Deixam-nos prontos para partir para a batalha, a chacinar criaturas, com canções de um inconfundível ADN heavy, que tanto bebe um pouco à fonte Britânica, como à Americana do power metal, que procura a eficácia através do gancho e, mesmo quando abrandam um pouco e cortam no assalto das guitarras, como em “Into the Fire”, compensam em melodia. Aí até se permitem ficar mais hard rock, sem cortar o épico do seu heavy que usa a velocidade com mais precisão, sem necessitar de recorrer a ela exclusivamente, e com voz maioritariamente limpa e um ocasional agudo meio berrado, que lembraria uns Deathhammer sem aquela malícia e speed satânicos. Canções memoráveis e uma temática que ainda tem espaço por cá, onde não chegou a saturar. Muito promissor e, assim que num futuro as guitarras e os riffs se tornem mais fortes, a juntar àqueles solos tão virtuosos, temos aqui malta para começar a reclamar um lugar à frente neste batalhão do heavy metal como mandavam as leis antigas. Até lá, ergamos a espada, o machado, o que seja, e cortemos a cabeça a um inimigo, a um dragão ou, pelo menos, a uma fogaça. Temos festa pesada e sangrenta.


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