O nosso último dia, uma tormenta que paira sempre lá no fundo da nossa mente tão suscetível. A coisa não melhora quando parecem haver tantos alarmes à nossa volta que alertam que o último dia colectivo já não é assim tão fantasioso. A gente vai abaixo, deprimimos fácil. Como dar a volta? Recorrendo à raiva. Mas da bem canalizada. Sem andar a fazer mal a alguém, só pela força do riff, por exemplo. Que nunca nos falhem os Konad e outros que tais.

Os Vilafranquenses vêm debitar decibéis e serrar riffs com “The Last Day.” A única coisa que ficou para trás foi a preferência pela língua portuguesa. De resto, a agressividade é a mesma ou ainda maior. Com aquele ponto condutor entre todos os temas, para que as pausas para respirar sejam com só com solos eficazes e, de resto, não conhecem outro pedal que não seja o do acelerador. Crust punk devidamente metalizado, passada da pancadaria a compasso de d-beat, uma dose que agrada a malta do hardcore e a thrasheiros. Como quem diz que o “Irae Dei” já foi há uns anitos e ficavam já muitas saudades desta berraria.

Pouco mais de 25 minutos, o suficiente para a descarga fazer efeito. A mudança da língua, e ainda para mais berrada com esta cólera toda, não altera alguma coisa à mensagem. Tudo concentrado na raiva, enquanto existirem tantos “porcos malabaristas,” ou qualquer coisa, faz falta um depósito de energia como os Konad, como um “The Last Day” que, assim tão simples quanto é, torna-se essencial a um underground que nunca ficará sobrelotado de palcos onde fazer barulho e levantar poeira, e intemporal numa cena crust/hardcore/thrash que não tem muita concorrência mas tem muito boa companhia. É ir ouvir este “The Last Day” muitas vezes, que riffs como os da faixa-título, “Hell’s Door” ou “Ultimate Aggression” não podem ficar sem pescoços que lhes correspondam, a intro de “Born to Die” não pode ficar sem sessão de castanhada logo a seguir, e ainda não tínhamos ouvido propriamente algo como o trabalho de guitarra de “Broken Promises.” Que se unam todos os “Alien Punks!”