Devourment

Obscene Majesty
2019 | Relapse Records | Brutal death metal

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O death metal na sua forma mais brutal, e já a trazer-nos esse infame slam, hoje é produto comum pouco difícil de encontrar e a partir do qual por vezes dá para montar um arraial. Tudo bem. Mas em tempos, foi preciso alguém pegar no death metal violento como ele é e aumentar-lhe ainda mais a escala. E os Devourment fazem parte dessa turma de loucos e até a encabeçam e chegam aos dias de hoje como veteranos, com “Obscente Majesty” a diferenciar vinte anos da estreia.

A optar mais pela qualidade do que pela quantidade, “Obscene Majesty” é apenas o quinto disco e já tem seis anos de espaçamento do antecessor “Conceived in Sewage,” a mesma fenda temporal entre a incontornável e influente estreia “Molesting the Decapitated” e o seu sucessor. Também pode ser o tempo ideal para deixar as feridas sarar e para conseguirmos digerir a podridão cheia de bílis que nos apresentam a cada álbum. Nunca perdem um passo ou a parede sonora de um brutal death metal pesadão, áspero, rápido e sempre a chamar a castanhada ou um abanar de cabeça desenfreado. Há uma introdução com pouco mais de um minuto e, daí para a frente, parar para respirar é para fracos.

Para quem isto não é recomendável. Fracos. Os Devourment não abrandam nem amolecem. E também não perdem o interesse, nem é com o tempo que os discos se tornam uma amálgama viscosa e desordenada de peso grave, sem que se distinga um único riff. Não, conhecemos cada malhão que há em “Obscene Majesty” e também ajuda que eles nunca tivessem sido aquela banda de slam com um monte de blastbeats, uns roncos, títulos nojentos com piada e o mesmo slam sempre no mesmo momento da música. Mesmo que tenham influenciado bandas que procurem esse atalho para o brutal, os Devourment sempre deixam que um brutamontes de um riffalhão tome conta do tema que, por ruidoso que seja, tem a sua escrita cuidada. Com Ruben Rosas a retomar os rugidos pela primeira vez desde o álbum de estreia, a coisa até se aproxima desses influentes dias. Mas os riffs, os slams, as “melodias” – aspas, não vá estarmos aqui a insultar alguém sem querer – sadicamente dançáveis sem perder ponta de violência são de quem já sabe bem o que faz. Que continuem a fazê-lo e ao ritmo que quiserem. É que isto, ainda por cima, parece estar cada vez melhor/pior…

Músicas em destaque:

Cognitive Sedation Butchery, Sculpted in Tyranny, Truculent Antipathy

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Putrid Pile, Suffocation, Visceral Disgorge


sobre o autor

Christopher Monteiro

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