Deve haver um clube especial, muito restrito, daqueles privilegiados que se podem dar ao luxo de passar a carreira a fazer praticamente o mesmo disco, que está tudo bem. Aliás, é essa a maneira certa para eles. À porta, a guardar e a requerer a palavra-passe de entrada podem estar os líderes AC/DC e Motörhead. Agora com “Leo Rising“, até nos perguntamos se o Danko Jones e a sua banda homónima também não conhecerão essa senha e se já usufruem dela.
“Leo Rising” completa a dúzia de discos do trio canadiano e realmente não há grandes mutações a apontar de uns para os outros. Mas lá está a questão que lhes dá o direito ao cartão e aperto-de-mão secreto do tal clube: quem as quereria? O disco abre com o verso “If you want it, you got it / We’re gonna get you what you need“. Pronto, está aí tudo. Escribas como este que tal, por aí fora, a gastar palavreado e a dar voltas a longos textos, a readaptar o tipo de discurso para evitar tiques que façam lembrar esse autor tão requisitado que é o Sr. ChatGPT… E chega o Danko Jones com dois versos de abertura e faz a mais rigorosa apreciação do disco que se seguirá, capaz de o promover. O que procuravam quando caíram pelos Danko Jones a primeira vez, está tudo aqui. O refrão de “Everyday Is Saturday Night” parece mesmo que ele já o fez antes? É capaz, mas desse lado não estão a questioná-lo. Estão a cantá-lo.
Quem procuraria a tal sagrada inovação, já não partiria para um disco de Danko Jones, já desde início. É o hard rock da sua marca, rock dos copos, rock de ir para a farra apreciar as vistas. De valorizar a origem nos blues mas a banhá-lo de punk, para acabar por ficar mais sujo. O que conhecem de quando ouviram pela primeira vez e de qual seja a malha favorita. “Leo Rising” é fórmula repetida mas cumpre. No dia em que soar que amoleceram ou que já não sabem fazer um refrão, aí já será caso para alarme.

