Quando se é um ícone do rock, já se tem quase setenta anos de idade e se conta com uma mão-cheia as décadas de carreira, por que caminho deve alguém enveredar para provar que ainda é relevante e faz as coisas com um propósito adicional à desculpa de partir para a estrada e interpretar os mesmos hinos de sempre? Com 27 discos de originais seria impossível para Alice Cooper não ter uma discografia com altos e baixos. Haveria também a dúvida do rumo a seguir após o experimentalismo pop moderno com piscar de olho ao glam do anterior “Welcome 2 My Nightmare”, de 2011. A resposta a ambos foi “Paranormal”, um mero disco de rock sem rodeios ou gorduras.

Aqui, o pai do shock rock despe-se de pretensiosismos, faz-se acompanhar de Bob Ezrin, que produziu muitos dos seus clássicos discos, e entra em contacto directo com a sua década de 70 e a diversão que a sua música proporcionava, não sobrando espaço para o glam baladeiro que lhe ocupou a década de 80. Tão revivalista que se chega a fazer acompanhar do alinhamento original da “Alice Cooper Band” para os dois temas finais, claros destaques do disco. Sem dispensar alguns convidados surpreendentes ou improváveis como Billy Gibbons a acentuar uma presença de blues sulista em “Fallen in Love”, ou Larry Mullen Jr., dos U2, a encarregar-se da bateria em praticamente todo o disco, no geral, são uma dúzia de temas que não vêm substituir os clássicos mas que vêm satisfazer os fãs desses mesmos, procurando a diversão e espírito rock n’ roll dos velhos tempos, sem tornar descabido qualquer paralelismo com o “School’s Out” ou o “Billion Dollar Babies”.

O truque da guilhotina ainda resulta após todos estes anos. Hard rock puro, feito de malhas divertidas para cantarolar também. Falta o cliché: velhos são os trapos!