Alice Cooper

Road
2023 | earMUSIC | Hard rock

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São 75 anos, quase trinta discos, muita cabeça cortada em guilhotinas em palco e muito esgar provocador proveniente de um humor com tanto de negro como de sleazy. Não é nenhuma preparação para uma adivinha, até é bastante evidente que se fala de Alice Cooper. É mais para avisar que, por esta altura, até seria bastante justificável que o seu acto estivesse mais do que gasto e cada novo disco fosse uma insistente tentativa de recaptura de glórias passadas, a acabar por dar apenas numa perda de tempo.

Porém, Cooper procura a simplicidade. A excentricidade está suficientemente concentrada na persona e nos conceitos que apresenta. A música em si é apenas uma procura por diversão – sem que o inevitável lado baladeiro retire alguma coisa a isso. Foi o que fez “Paranormal” e “Detroit Stories” singrar, com certeza com preferências a variar. Foi o que abriu os horizontes quase experimentais de “Welcome 2 My Nightmare” e foi do que tornou “Along Came a Spider,” um sinistro grande disco tardio no repertório. É o que compõe “Road” também. Uma espécie de álbum conceptual sobre vida na estrada, é um álbum de balanços: tanto Alice beneficia de estar rodeado de uma jovem banda à sua volta, como também ele tem uns ensinamentos sobre como rockar à antiga a fazer.

De sentido de humor apurado, – destaca-se “Rules of the Road” – apresenta-se, – “I’m Alice” e “Welcome to the Show” – garante-nos que não vai a lado nenhum, – “All Over the World” – e limita-se a apresentar canções consistentemente boas, mesmo com algum inevitável filler e pontos mais baixos – “Baby Please Don’t Go” não é má, mas não é a sua melhor balada. Directo e de causar batimentos de pé, procurou intencionalmente e sucedeu em apresentar um disco bastante orientado por guitarra, com algum do seu rock mais hard, como em “White Line Frankestein,” com Tom Morello, “The Big Goodbye” ou “Dead Don’t Dance,” que até tem ali um riff à Metallica do “Load” e tudo. Já se abrangem cinco décadas de rock ‘n’ roll com risadas e sustos à mistura. Queixar de não ser o “School’s Out” ou o “Trash”? Também não estamos em 1972 ou 1989. Alice Cooper em 2023 ainda soa divertidíssimo, contornando cair no acto “washed up” de um shock rocker parado no tempo. Mas ainda faz tudo à antiga, na mesma.

Músicas em destaque:

All Over the World, White Line Frankenstein, The Big Goodbye

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KISS, Def Leppard, Twisted Sister


sobre o autor

Christopher Monteiro

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