Noise Meditations, novo álbum que a banda BIKE apresenta agora, nasceu de sessões entre os integrantes no estúdio Wasabi, em São José dos Campos – cidade natal do grupo. Com baixo, bateria, guitarras, sintetizadores e percussões, o quarteto, referência da nova psicodelia brasileira, reuniu-se para fazer música sem guião.

Formada por Júlio Cavalcante (voz e guitarra), Diego Xavier (voz e guitarra), Daniel Fumega (bateria) e Gil Mosolino (baixo), é o primeiro que nos apresenta faixa a faixa o disco.

#1 Todos os Olhos

É psicodelia apocalíptica. A letra dá voz à floresta em chamas, quando todos observam, mas poucos agem, enquanto os olhos sujos do mundo querem apenas o lucro que a floresta pode gerar.

#2 V.D.C

A letra surgiu durante uma expedição com amigos. A certa altura, a música que tocava fez-me querer dançar como num ritual. Quando o disco acabou, senti-me leve e anotei frases num papel. O som nasceu de um ritmo do pedal de guitarra, e o loop devolveu-me a mesma sensação da viagem.

#3 NEU!A

Escrita na última digressão europeia, é uma espécie de irmã da “Divina Máquina Voadora”, do segundo disco. São imagens do que vivemos por lá. Se “Divina” homenageia Ronnie Von no título, aqui a referência vai para uma das nossas bandas alemãs preferidas, que influenciou muito este álbum e serviu de banda sonora da digressão.

#4 Sucuri

Fortemente influenciada por Pedro Santos e pelo disco Krishnanda, favorito da banda, um dos favoritos da banda. A letra celebra a sucuri da lenda “Yube e a Sucuri”, da cultura Kaxinawá, em que um homem se apaixona por uma mulher-sucuri e transforma-se também em sucuri para viver nas profundezas das águas, onde descobre uma bebida alucinógena com poderes de cura e de acesso ao conhecimento.

#5 Bico de Ouro

Nasceu da combinação do slicer de uma guitarra com o drone da outra. Daí surgiu o beat que impulsionou a música. A letra evoca a liberdade, a ideia de não estar preso a coisa nenhuma.

#6 Coral

Pensada como transição do lado A para o lado B do vinil. Após a explosão de “Bico de Ouro”, surge “Coral”, iniciada com um riff simples de guitarra que se expande com os restantes instrumentos. A letra sugere a picada de uma cobra-coral, que rapidamente se espalha pelo corpo e transporta para outro plano – um renascimento noutro espaço.

#7 Noise Meditations

Também fruto da mesma expedição, funciona quase como um resumo do álbum, por isso recebeu o título. Talvez a faixa mais jazzística do disco, mas à nossa maneira. Nunca tínhamos feito nada assim.

#8 Bhang

Psicodelia apocalíptica guiada por tambores.

#9 Velada

Resultado de três dias intensos de jams gravadas em estúdio. Nasceu já no final da sessão, quando o corpo estava cansado, mas o groove encaixou e insistimos nesse loop, pesado e rítmico. É provavelmente a faixa mais pesada da BIKE até hoje. Paradoxalmente, transmite-me uma forte sensação de leveza ao terminar. A letra também nasceu na expedição.

#10 Essência Real

Escolhida para encerrar o disco porque resume a experiência de ser uma banda independente que edita discos e faz digressões. Musicalmente, quisemos transmitir a sensação de regresso, de aterragem, mostrando ao ouvinte que é o final da viagem.


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