Tiago Vilhena

Canções Mundanas
2022 | Pontiaq | Pop

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Canções Mundanas” é um conjunto de músicas que foram compostas e executadas por Tiago Vilhena que, ao sabor da corrente, toma um rumo folclórico e alternativo revelando uma personalidade de cantautor, e será apresentado no dia 27 de Outubro, pelas 22h30, no Musicbox, em Lisboa.

É o segundo álbum de Tiago Vilhena em nome próprio, terceiro álbum a solo contando com o seu passado como George Marvinson. Durante os últimos 2 anos aproveitou o isolamento para compor todas as músicas que conseguisse e este disco é o resultado disso.

Com influências demasiado variadas para justificar serem referidas, cria uma atmosfera sem nação, ainda que petisque costumes portugueses. Em 8 temas, fala-se de vontades, delírios, frustrações, ambições, paixões e personalidades. Nestas, emanando uma aura colorida, o artista convida-nos a aligeirar os problemas e a agradecer os sucessos sem que nos tenhamos de tornar despreocupados pelo que requer dedicação. A vida é uma construção e assim é a música também.

#1 Vivo A Um Passo Da Luz

Vivo A Um passo Da Luz foi a segunda música que compus para este álbum. A inspiração foi a guitarra acústica. Afinada no acorde de mi maior. Quando comecei a compo-la, em Viseu, gostei do resultado mas não houve faísca. Pensei em descartá-la. Neste momento tinha um verso escrito e nada mais. Entretanto compus uma nova canção sobre um homem que viaja no espaço. Estava má, à exceção do ritmo. Foi então que experimentei esse ritmo, originalmente feito para a viagem no espaço, na música “Vivo A Um Passo Da Luz. Aí, ganhei balanço, fiz o refrão, escrevi os outros 2 versos e assim acabei mais uma.

#2 Tete À Tete

Comecei por ouvir uma progressão de acordes numa música de um guitarrista erudito tipo Francisco Tárrega mas não era ele. Não me lembro bem. A verdade é que gostei tanto que copiei. Sempre ouvi dizer que é assim que se faz. No dia em que andava a explorar esta progressão, ouvi muito Quim Barreiros. Grande músico. Há uma música dele na qual a voz entra da mesma forma que eu entro na Tete à Tete. Mais uma vez achei boa ideia e copiei. Infelizmente já não sei qual era a música. Nem a do Quim Barreiros nem a do tal guitarrista. Com os acordes solidificados e uma entrada de melodia feita, já tinha a catapulta montada. E começaram a surgir ideias soltas. Neste dia tinha visto uma curta-metragem da Laura Gonçalves chamada “água mole” onde uma velhota diz: ele não podia ficar a vida toda agarrado à roda da minha saia. Pronto. Temos progressão de acordes, temos melodia e temos deixa. Tudo copiado. Assim surgiu uma música que narra a vida de um maluco num mundo maluco como amigo maluco. Sei que não é muito fácil ter essa interpretação a ouvir a canção, portanto, aquilo que ela descreve, está ao critério de cada um.

#3 Julinha

Como é costume para mim, compus a música à guitarra e só comecei a fazer o arranjo no computador quando a música me parecia estar acabada com letra, acordes e estrutura finalizadas. É uma música sobre a Júlia, portanto, o tema é muito concreto uma vez que fala sobre uma pessoa real. Passei muito tempo com a Júlia que é brasileira e absorvi muito da cultura dela. Ela gostava muito de falar sobre os orixás e sobre macumbas e sobre uma cultura tribal Amazónica. Assim, deu-me vontade de registar tudo isto em um poema sobre a Júlia acompanhado por uma música ao ritmo dela.

#4 Não Posso Ter Nada

Foi a última música que escrevi para este álbum. Eu sabia disso e portanto foi um pouco triste mas um alívio ao mesmo tempo. Estava a chegar o fim daquela etapa. Ao contrário do que costuma acontecer com as outras músicas, nesta comecei com o refrão. Percebi logo que tinha um single nas mãos e posto isto, decidi ter calma e continuar a música com cuidado para não perder qualidade. Demorei. Não tive pressa. Era a última. Não estava preocupado. Crises de criatividade já não afetavam porque já faltava pouco. O caminho estava traçado. Assim, aproveitei uma semana em que fui para Aveiro sozinho, para insistir no verso da canção. Não foi rápido. experimentei várias progressões de acordes diferentes. Até que acabei numa que gostei. Uma vez acabada, toquei-a para o gravador do telemóvel e ouvi. Deu asneira. Era uma música triste. Tudo aquilo que eu não queria fazer neste disco. Mas era uma música boa e não quis descartá-la. Só que restavam os arranjos para me salvar. Assim foi. Comecei a gravar a música no computador, a pôr um ritmo, a gravar um baixo, a juntar segundas e terceiras vozes, a acrescentar uns sintetizadores a tentar puxar pela felicidade e acho que consegui. É uma música feliz.

#5 A Sorte

“A Sorte” foi a primeira música que escrevi para este disco. Como de costume, foi composta à guitarra e acabada (letra e acordes fechados) antes de começar a ser arranjada com mais instrumentos. Foi a primeira vez que experimentei a afinação em Mi maior na guitarra. Quis experimentar porque vi o Bob Dylan a fazer o mesmo. Foi impressionantemente fácil. peguei, toquei uns acordes, cantei “tenho a sorte”, e estava feita uma música.

#6 O Lisboeta

Em meados de novembro de 2020, estava a trabalhar uma progressão de acordes e uma melodia, quando o namorado da minha mãe me envia um vídeo no WhatsApp com um velhote a declamar o seguinte poema:

Gosto muito de água
Toda a água me sabe bem
Mas a água que melhor me sabe
É a água que o vinho tem

Quando ouvi isto, decidi fazer uma ode ao teu tasqueiro português. Já tinha os acordes e assim comecei a escrever a letra da canção que na altura se chamava ode ao tasqueiro. Pelo menos no meu caderno. Uma vez acabada a letra achei que fazia mais sentido trocar para “O Lisboeta”. Apesar de não ser de Lisboa, pertenço cada vez mais a esta cidade que me mostrou muito e à qual devo muito.

#7 Jojo

Jojo é uma música sobre uma amiga. É uma descrição feita com carinho para uma pessoa que me inspira.

#8 Etelvina

A minha avó chama-se Etelvina. Não, não é por causa do Sérgio Godinho. Apesar de gostar muito dele. E de não ser impossível um dia fazer uma música dedicada a ele. Mas não é esta. A minha avó, assim como todas as pessoas da idade dela, Para ser rigoroso, 97 anos, tem muita experiência de vida. Com essa experiência vêm coisas boas e coisas más. A meu ver é muito importante ter um certo nível de conservadorismo e também um certo nível de progressismo. Desta forma escrevi uma letra que se apresenta em forma de diálogo. De um lado do diálogo está uma pessoa que representa os costumes e ideais antigos e com eles a rigidez que resulta de uma vida calejada. Do outro lado do diálogo está um jovem cheio de energia, despreocupado e inconsequente. São bons amigos e não precisam de ter ideias iguais para o serem.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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