Reportagem


Japandroids

Eles costumavam ser bons, mas agora são melhores

NOS Primavera Sound

10/06/2017


Há na música dos Japandroids um apelo peterpanistico que não é fácil de explicar. As saudades de uma juventude que não foi assim há tanto tempo ajudam a manter a velhice à distância e para aqueles de nós que não estão nem aí para comprar um monovolume, achar graça ao Nilton ou ir ver Scorpions ao vivo, o concerto do duo canadiano no NOS Primavera Sound foi como um “fix” da genica que tínhamos aos 16.

O público no palco Superbock estava particularmente disperso; acreditamos que Metronomy e Death Grips tenham deixado alguns de rastos. Não terá sido o caso daqueles que timidamente começariam um mosh pit respeitável, mas que trocava as placagens por pulos entusiasmados.

“Near To The Wild Heart Of Life”, do álbum homónimo, fazia uma apresentação informal dos Japandroids ao NOS Primavera Sound.  A mais formal seguir-se-ia: “Boa noite, Porto. Nós somos os Japandroids all the way from Vancouver,” explicava-nos Brian King. “Esta é para aqueles que nos viram no Porto há anos atrás; chama-se “Younger Us.”

Há sete anos que os canadianos andam a construir a casa de fãs que hoje têm. De garganta afinada, o público vai poupando o duo a muitas das segundas vozes dos temas. Por seu lado, a entrega em palco do duo faz por merecer a adulação dos festivaleiros. King é particularmente esguio e dinâmico em palco e toca com uma intensidade que justifica a troca constante de guitarras. Não há cordas que se aguentem afinadas.

A terminarem a sua tour, os Japandroids trouxeram na bagagem uma versão best of da sua discografia. Há em igual medida “Post-Nothing”, que conta já nove anos, “Celebration Rock”  e “Near To The Wild Heart Of Life,” que o charme pop faz soar natural por entre a estabelecida prata da casa como “Wet Hair” e “Fires Highway.”

Há que dizer que o concerto foi um dos mais curtos a que assistimos. Quando King explica que esta é a última noite da digressão e que “esta é a última canção da digressão” o discurso denuncia o fim do concerto. Não é preocupante, os Japandroids certamente voltarão; o amor pela cidade do Porto já valeu um videoclip rodado cá no dia anterior, anunciaram em palco. Mas para já ouve-se a irreverente “The House That Heaven Built” e os seus refrães que nunca deviam acabar. Ainda lá estaríamos a mandar todos quantos nos abrandam para o inferno se pudéssemos.

Galeria


(Fotos por Hugo Rodrigues)

sobre o autor

Jorge De Almeida

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