Vodafone Paredes de Coura 2025 – Dez Concertos A Não Perder

por José V. Raposo em 11 de Agosto, 2025

Vodafone Paredes de Coura 2025 – Dez Concertos A Não Perder
© Vodafone Paredes de Coura

Eis mais uma campanha courense, eis mais um momento pelo qual se espera (ou, melhor dizendo, se anseia) aquando do Inverno, este ano particularmente complicado por uma miríade de razões. Chegados a mais uma edição do Vodafone Paredes de Coura, temos pela frente a empreitada de uma semana de zoeira, na qual se incluem mais um set do glorioso colectivo no Xapas (anotem aí para não se esquecerem, que verdadeira paridade de festão é esta: quinta-feira, 14 de Agosto, a partir das 15:00h), muitas divagações de vila sobre edições anteriores e grandes discos do ano e de anos e décadas que já lá vão e, como é óbvio, concertos a dar com um pau, que é de mais uma edição de Coura que estamos a falar.

Como o Couraíso esperou pacientemente por nós (e nós por ele), aqui deixamos dez concertos (sem estarem por ordem) a não perder nesta edição do festival.

1. MJ Lenderman & The Wind – Chamar-lhe “revelação” não faz grande sentido, que ser dos Wednesday (belíssimo concerto na edição do ano passado), editar um dos grandes discos do ano passado (Manning Fireworks, o quinto LP da carreira) e ter atitude de veterano (numa de “nem sei bem como é que isto me aconteceu, mas vou continuar a fazê-lo”) é já extrapolar o âmbito do mero iniciante. Umbilicalmente ligado a Waylon Jennings, Townes Van Zandt e Neil Young (espécie de avós artísticos) e a nomes como os Uncle Tupelo e os saudosos David Berman e Jason Molina (pais artísticos, digamos), MJ Lenderman é um dos nomes grandes da edição e já assenta que nem uma luva ao palco principal. Expectativas em alta. Palco Vodafone, 13 de Agosto (quarta-feira), 20:40h;

2.Vampire Weekend – Ao fim de quase duas décadas disto (e de vários discaços, incluindo Only God Was Above Us, do ano passado), finalmente vemos os Vampire Weekend num palco condizente com o seu estatuto (não que em Algés há uns anos tenha sido mau, bem pelo contrário). Exemplo de como o cosmopolitismo sónico é bom e salutar (danem-se as más-línguas), prevê-se que rever clássicos como Cape Cod Kwassa Kwassa ou Giving Up the Gun no anfiteatro natural dará em material para os anais da edição e da história do festival. Palco Vodafone, 13 de Agosto (quarta-feira), 00:20h;

3. LA LOM – Cumbia, chicha e surf rock? Ali rentes ao rio? Queremos, pois. Os LA LOM (sigla de Los Angeles League of Musicians) fazem uma gloriosa açorda daqueles três géneros (“chicha” neste caso é uma interpretação peruana da cumbia, mas uma chicha das nossas deve acompanhar bem o concerto, dada a hora do mesmo), de tal maneira que, ouvidos os seus EPs (destaque para Angels Point & Figueroa, de 2023) e o seu homónimo LP de estreia, bem se pode dizer que fazem a banda sonora das tardes e inícios de noite courenses. Palco BacanaPlay, 14 de Agosto (quinta-feira), 19:40h;

4. Samuel Úria – Samuel Úria e Paredes de Coura perfazem aquele combo clássico que vai sempre bem. Mesmo que nunca tenham sido do prog rock, podem sempre ser da lo-fi e do folk rock (e mais umas coisas) nacionais, que Úria continua a desbravar terrenos sonoros férteis, tanto no passado de Nem lhe Tocava (2009) como em 2000 A.D., seu mais recente (e apurado) trabalho, editado no ano passado mas a soar a intemporal dentro da sua obra. Palco Vodafone, 13 de Agosto (quarta-feira), 17:15h;

5. Maruja – Se “fúria”, “urgência” e “catarse” só se aplicam com precisão a muitos poucos projectos, os britânicos Maruja são um deles. Aviando um vira monumental de noise, free jazz e post-punk, passaram quase uma década a malhar EPs incríveis (incluindo este ano, com Tir na nÓg) até se estrearem este ano nos longas durações com o vindouro Pain to Power (ide ouvir Look Down On Us), transformando-se, pelo meio, numa das mais interessantes banas que para aí anda. Veredicto? Forte candidato a concerto do festival e aos campeões do ano. Palco BacanaPlay, 14 de Agosto (quinta-feira), 01:50h;

6. Geordie Greep – Depois de duas grandes vitórias com os enormes (e, até ver, saudosos) black MIDI (em particular a goleada de 2023), Geordie Greep, espécie de Robert Fripp da época da pós-verdade, traz o seu projecto a solo a Coura. A maluqueira pseudo-megalómana de The New Sound (um dos grandes álbuns de 2024) terá ali um palco privilegiado para toda a sua grandiloquência sonora. Palco Vodafone, 15 de Agosto (sexta-feira), 19:50h;

7. Bar Italia – Depois do cancelamento quase em cima da hora em 2024, os londrinos deparam-se agora com outro azar (que também é nosso): a sobreposição com Geordie Greep. A nossa recomendação? Repartirem a atenção entre palcos, que a obra dos britânicos vai para além do post-punk meio blasé e tem assunto que justifica o plano de festas. Palco BacanaPlay, 15 de Agosto (sexta-feira);

8. Black Country, New Road – Sendo certo que já se estrearam por cá há coisa de dois anos (depois de demasiado tempo à espera deles à conta da pandemia), finalmente teremos a oportunidade de ver uma das melhores bandas deste tempo em condições ideais. Com mexidas de fundo na formação e três álbuns bem distintos entre si, apreciem-se as subtilezas de Forever Howlong (editado este ano) ao vivo num anfiteatro natural que será também sala de exames sónicos. Palco Vodafone, 15 de Agosto (sexta-feira), 20:45h;

9. DIIV – Bem regressados a Coura sejam os quatro de Brooklyn, depois da sua última passagem por ali em 2018. Assaz subvalorizados, ao vivo têm sido um fantástico mur(r)o de som e em estúdio continuam a convencer plenamente, incluindo em Frog in Boiling Water (2024). Tempo também haverá para recordar material de Oshin, Is the Is Are e Deceiver, três álbuns essenciais da década passada no que toca a guitarras oníricas. Encontro marcado com Zachary Cole Smith e comparsas para se ver o shoegaze a comandar. Palco Vodafone, 16 de Agosto (sábado), 18:55h;

10. Sharon Van Etten & The Attachment Theory – O regresso a terras lusas de uma das grandes cantautoras dos últimos quinze anos só podia ser em Coura (de resto, já não a víamos desde Algés em 2019), como que a preparar a sala do trono para uma coroação. Depois da (magnífica) introversão dos tempos das guitarras, está Sharon Van Etten em plena fase darkwave (não nos lixem, que soa a isso) conjugada com RUOCK, ainda que com igual profundeza emocional – vão fazendo o trabalho de casa ouvindo Sharon Van Etten & the Attachment Theory (2025). Vai que é tua, majestade. Palco Vodafone, 16 de Agosto (sábado).

Também com interesse: Nilüfer Yanya (13 de Agosto, palco Vodafone, 18:40h); Cass McCombs (13 de Agosto, palco BacanaPlay, 19:40h); Joey Valence & Bray (13 de Agosto, palco BacanaPlay, 01:50h); Linda Martini (14 de Agosto, palco Vodafone, 17:10h); Terno Rei (14 de Agosto, palco Vodafone, 18:40h); Perfume Genius (14 de Agosto, palco Vodafone, 20:40h); Soft Play (14 de Agosto, palco BacanaPlay, 23:40h); Portugal. The Man (14 de Agosto, palco Vodafone, 00:35h); Cassandra Jenkins (15 de Agosto, palco BacanaPlay, 18:00h); King Krule (15 de Agosto, palco Vodafone, 22:35h); La Jungle (15 de Agosto, palco BacanaPlay, 23:50h); Mk.gee (15 de Agosto, palco Vodafone, 00:35h); Warmduscher (16 de Agosto, palco BacanaPlay, 21:45h); Air (16 de Agosto, palco Vodafone, 22:45h); Franz Ferdinand (16 de Agosto, palco Vodafone, 01:00h); Gurriers (16 de Agosto, palco BacanaPlay, 01:20h); Xinobi (16 de Agosto, palco BacanaPlay, 03:25h).

Enquanto não chega a próxima edição, fiquem com uma recapitulação de 2024. Com passes gerais e o dia 16 de Agosto (sábado) esgotados, há mais informações e bilhetes ali dentro.

Partilha com os teus amigos