Primavera Sound Porto 2025 – Dez concertos a não perder
por José V. Raposo em 11 de Junho, 2025

Aí está Junho, o sexto mês do ano. Como tal, aí estão o 10 de Junho e os santos populares e, para o que nos aqui interessa, mais uma edição do Primavera Sound Porto. Com um cartaz que é uma (bem) boa colheita, mal podemos esperar para fazermos a viagem até ao Porto e ao seu Parque da Cidade. Três dias de som, francesinhas, bifanas da Conga e, esperamos, o regresso das sandes do Guedes, que têm sido uma gigante ausência do festival.
Se uma ausência ainda maior, a de Steve Albini (RIP) e dos Shellac é, infelizmente, permanente, muitos motivos de interesse há na edição deste ano. Malditas sobreposições à parte (outra tradição da coisa), é mesmo um desfile de assunto ao longo de três dias, dane-se parte dele calhar a uma sexta-feira treze. E, já agora, que não chova ou que chova pouco, que os dilúvios das últimas edições ainda chateiam.
Sem mais e sem estarem por ordem, seguem dez recomendações de concertos (mais menções honrosas a picar) aqui da casa para Vossas Excelências, com indicação do respectivo horário:
The Jesus Lizard – Comece-se esta lista com uma daquelas bandas “à Primavera”; por outras palavras, grandes nomes que geralmente nunca cá puseram os pés e que dificilmente o voltarão a fazer. David Yow e companhia vêm para rachar as vossas excelsas cabeças e ouvidos com crowdsurf e decibéis, respectivamente. Uma carreira brilhante para passar em revista, renascida no ano passado com Rack. Não se esqueçam do “amor” ao próximo no pit quando Mouth Breather começar. Quinta-feira, 12 de Junho, palco Revolut, 01:15h;
Charli XCX – O grandioso brat summer de 2024 pode já estar assente no registo de (boas) memórias, mas não há nada que impeça uma brat late spring no Porto. Não nos esqueçamos de que antes do material de brat já Charli XCX tinha dado ao éter malhões como Used To Know Me. Esperam-se rotações de 360 graus na plateia e reza-se pelo maior civismo possível por parte dos mochileiros. Quinta-feira, 12 de Junho, palco Porto, 23:55h;
This Is Lorelei – Nate Amos é um tipo prolífico (espreitem-lhe o Bandcamp, a sério). Para além de ser membro de Water From Your Eyes, editou no ano passado o fantástico Box for Buddy, Box for Star, que poderá muito bem servir de introdução aos (bons) caminhos da country para muita gente. Quanto às expectativas para o concerto, é sério candidato a arrematar o prémio “melhor fim de tarde do festival”. Quinta-feira, 12 de Junho, palco Revolut, 19:35h;
David Bruno – O bardo de Gaia, depois do festão do ano passado com o Conjunto Corona ali mesmo, volta agora a solo ao Primavera Sound Porto. Sempre acompanhado por Marquito, o Eddie Van Halen nacional, David Bruno virá desfiar contos de festas da espuma e roupões de seda, negócios autárquicos obscuros e pistas de dança de casas de má fama cheias de espelhos, néones e personagens memoráveis. Não se esqueçam de que ele não gosta k lhe mentem. Sábado, 14 de Junho, palco Revolut, 17:35h;
Chat Pile – Se a expressão “rasgar de vestes” fosse uma banda, seria os Chat Pile. Uma das melhores bandas surgidas nos últimos anos finalmente passa por cá e traz consigo dois álbuns (para além de vários EPs) que pesam cinquenta toneladas cada um. Parcimónia é palavra que não existe por aqui, para quem está em palco e para quem está a assistir. Absolutamente imperdível, mas não se esqueçam de fazer alongamentos antes da espectáculo. Sexta-feira, 13 de Junho, palco Super Bock, 23:20h;
Deftones – Não, não é para trazerem as calças da Resina (medonhas, ontem e hoje) que usavam nos tempos do nu metal e de São Fred Durst. Os Deftones, esse bandão histórico, foram sempre injustamente conotados com o nu metal por pura preguiça intelectual. Deveriam ser enfiados, isso sim, no saco de grupos exímios em fazer malhas pesadonas para partir o chão. Perante o cardápio de candidatos (e candidatos a candidato) a Presidente da República deste país, avançamos já com um Chino Presidente 2026. Sexta-feira, 13 de Junho, palco Vodafone, 00:40h;
Turnstile – Sobre estes maiorais não vamos dizer grande coisa, só mesmo que esperamos que a onda de positividade de Coura de há uns anos se repita no Parque da Cidade do Porto. Aproveitem e ouçam o disco novo, Never Enough, que é como que uma sequela de Glow On, isto é, um discaço de topo deste ano. E acautelem-se, que o pit será bravo, muito bravo. Sábado, 14 de Junho, palco Vodafone, 01:00h;
Alan Sparhawk – Depois da tragédia pessoal (RIP Mimi Parker) e do fim dos Low, Alan Sparhawk vai-se reerguendo através da sua música, partilhando-a com quem a quiser ouvir. Desde que os Low acabaram, Sparhawk editou White Roses, My God e Alan Sparhawk With Trampled By Turtles (colaboração com White Turtles), tão diferentes entre si mas tão similares nos extremos emocionais a que se chega após uma perda pessoal enorme na vida. Pelo que recolhemos, é outro candidato a concertão. Quinta-feira, 12 de Junho, palco Super Bock, 20:45h;
Maria Reis – Parte integrante da prata da casa do cartaz deste ano, Maria Reis atravessa um período excepcional. Benefício da Dúvida e Suspiro… são “apenas” dois dos álbuns fundamentais da música portuguesa dos últimos anos (sem esquecer o seu trabalho em Pega Monstro com a irmã, Júlia Reis, bem como aquele com Panda Bear e em palco com Putas Bêbadas) e poder assistir ao vivo a toda a evolução da cantautora é assunto que baste. Sábado, 14 de Junho, palco Super Bock, 16:00h;
Cap’n Jazz – Mal refeitos do incrível concerto dos American Football no ano passado, este ano teremos mais uma dose de emo do Meio-Oeste dos E.U.A. e mais uma vez cortesia da família Kinsella. Vai um jogo de copos? Tentem dizer o título completo do único álbum do grupo sem se enganarem e bebam um shot de cada vez que tropeçarem (já agora, tentem não aparecer no concerto com uma bezana, que a noção agradece). E qual é o título, mesmo? Burritos, Inspiration Point, Fork Balloon Sports, Cards in the Spokes, Automatic Biographies, Kites, Kung Fu, Trophies, Banana Peels We’ve Slipped On, and Egg Shells We’ve Tippy Toed Over. Sábado, 14 de Junho, palco Super Bock, 23:45h.
A picar: Fontaines D.C. (quinta-feira, 12 de Junho, palco Porto, 20:50h); Destroyer (sábado, 14 de Junho, palco Super Bock, 20:45h); Squid (sábado, 14 de Junho, palco Revolut, 22:20h); Horsegirl (sábado, 14 de Junho, palco Super Bock, 17:50h); Kim Deal (sábado, 14 de Junho, palco Porto, 18:40h); Wet Leg (sábado, 14 de Junho, palco Porto, 21:00h); High Vis (quinta-feira, 12 de Junho, palco Super Bock, 23:50h); TV On The Radio (sexta-feira, 13 de Junho, palco Vodafone, 19:40h); Denzel Curry (sexta-feira, 13 de Junho, palco Revolut, 00:40h); Waxahatchee (sexta-feira, 13 de Junho, palco Porto, 18:40h); Momma (quinta-feira, 12 de Junho, palco Revolut, 17:40h); Michael Kiwanuka (sexta-feira, 13 de Junho, palco Porto, 20:50h); Dehd (quinta-feira, 12 de Junho, palco Porto, 18:40h); ANOHNI and the Johnsons (quinta-feira, 12 de Junho, palco Vodafone, 22:15h); Jamie xx (sábado, 14 de Junho, palco Porto, 23:45h); Floating Points (sábado, 14 de Junho, palco Vodafone, 03:00h); Los Campesinos! (sexta-feira, 13 de Junho, palco Revolut, 19:35h); Caribou (quinta-feira, 12 de Junho, palco Vodafone, 01:20h).
Não esquecer que domingo, dia 15 de Junho, há mais programação, totalmente dedicada à música electrónica. Conta com nomes como HAAi e Paul Kalkbrenner e terá lugar no palco Revolut, com início a partir das 15:00h, prolongando-se até por volta das 22:00h.
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