CCB exibe “My Fair Lady” (1964)

por Arte-Factos em 5 Dezembro, 2019 © Audrey Hepburn

O Centro Cultural de Belém exibe May Fair Lady de 1964, em versão restaurada em 4k, no próximo dia 29 de Dezembro, pelas 16h.

Eliza Doolittle (Audrey Hepburn) é uma corriqueira florista que tenta ganhar a vida nas ruas de Londres. Um dia, Henry Higgins (Rex Harrison), professor e estudioso de fonética, fica sobressaltado com o terrível linguajar, pronúncia e tom de voz estridente de Eliza, quando esta lhe tenta vender flores à saída de um espetáculo. Aceita então o desafio de transformar Eliza numa eloquente senhora da alta sociedade e fazê-la passar por duquesa, num baile de Embaixada, no Palácio de Buckingham.

Esta adaptação do musical homónimo da Broadway, que por sua vez adapta o clássico Pigmaleão, de George Bernard Shaw, trata, de uma forma irónica e humorada, a importância que a educação e o modo de falar têm na definição das relações pessoais e sociais.

Apesar da história divertida e romântica de Henry e Eliza assumir o enredo principal, há em todo o filme um subtexto de crítica à perpetuidade de uma estratificação social, que se vai cristalizando de geração em geração e que se manifesta na forma de falar e nas «boas maneiras». Para melhor apresentar esta premissa, Cukor enquadra a ação na sociedade londrina, uma das mais estratificadas e antigas, onde a diferença de classes se inscreve visivelmente na normalização da linguagem verbal e não-verbal de cada estrato social. Porém, a personagem de Henry Higgins prova que esta estratificação pode ser facilmente subvertida através do ensino dos códigos sociais, evidenciando a artificialidade do status e dos consequentes preconceitos e discriminação.

No filme, Cukor procurou manter-se o mais fiel possível ao musical da Broadway, reproduzindo na íntegra os seus números musicais, devidamente integrados e costurados no argumento do filme. Cukor decidiu também atribuir o papel do Professor Higgins a Rex Harrison, que interpretara já a personagem nos palcos da Broadway. Harrison vê no filme a sua performance potenciada pelo dispositivo cinematográfico, sendo difícil ficar indiferente à sua atuação, voz e dicção impressionantes.

Audrey Hepburn tem também uma performance majestosa e inesquecível, incorporando toda a graciosidade e elegância que lhe são sobejamente reconhecidas na personagem de Eliza. Contudo, ao contrário de Rex Harrison, cujas canções foram gravadas com som direto, recorrendo à inovadora tecnologia de microfones sem fios nunca antes usada em cinema, os números musicais de Hepburn foram dobrados em pós-produção pela soprano Marni Nixon.

Com um orçamento de mais de 17 milhões de dólares, My Fair Lady foi então a produção mais cara de sempre da Warner Brothers. A receção do público e da crítica foi ao encontro das expectativas dos produtores e o filme foi nomeado para 12 Óscares, tendo vencido 8 estatuetas – Melhor Filme, Ator, Realização, Fotografia, Direção de Arte, Figurinos, Som e Música – e ainda hoje é um dos musicais mais premiados de sempre. Apenas a prestação de Audrey Hepburn teve uma receção menos calorosa por parte da indústria, mas conquistou o grande público que tem unanimemente considerado este o seu papel mais inesquecível.

 

Temporada de cinema do Centro Cultural de Belém 2019/2020
29 Dezembro 2019: My Fair Lady (1964)
26 Janeiro 2020: Morte em Veneza (1971)
22 Março 2020: Rebel without a cause (1955)
3 Maio 2020: Vertigo – A mulher que viveu duas vezes (1958)
7 Junho 2020: A conquista do Oeste (1962)
20 Outubro 2019: Apocalypse Now (1979)
1 Novembro 2019: O resgate do Soldado Ryan (1998)

 

Fonte: site oficial do CCB » aqui «


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

Partilha com os teus amigos