Pronto, está tudo normal neste “Idag,” novidade dos Witchcraft. Então já podemos dizer, à vontade, como se já não o tivéssemos dito na altura, que aquela brincadeira do “Black Metal” não foi lá grande coisa. Não uma excursão estilística para esses lados extremos, mas sim um título irónico para, de facto, uma mudança estilística, mas para um pasto acústico sem entusiasmo ou alma. Ficou para trás, nada contra as experiências e as bandas devem fazer o que querem, mas ainda bem que já estamos de volta ao que interessa.

Estão de volta os fumos e os 70s. O heavy psych cheio de fuzz nos riffs. Regressa a adoração a Black Sabbath e ao “Master of Reality.” Voltamos aos básicos e, desde que não soe a algo estagnado ou desinspirado, está tudo certo. E os Witchcraft não fizeram parte do rebanho que seguiu a moda, foram dos que a souberam impor e discos como o auto-intitulado de estreia, “Legend” ou “Nucleus” são clássicos desse estilo das últimas décadas, que tratam essa coisa que chamam de heavy metal como um monstro novo e ainda em desenvolvimento. Tinham boas referências em si próprios e recuperam o jeito para os riffs, para as melodias, para as estruturas mais desafiantes, para tudo o que seja proto sem soar falso, para toda a psicadelia que faça isto resultar. É porque o jeito não se perdeu.

Conseguimos arranjar contexto para o tal “Black Metal” e tudo. Foi uma espécie de álbum a solo de Magnus Pelander e fechou o seu ciclo com a Nuclear Blast – será que foi tudo uma marosca para se livrar deles? “Idag” pode ser um renascimento, um recomeço como banda, com nova casa e nova formação, a reencontrar-se a si próprios, maioritariamente na língua-mãe. Uma faixa-título mais progressiva, um desfilar de riffs doom do berço, uma “Burning Cross” que quase nos faz jurar que é mesmo dos Black Sabbath, e referências a mais uma data de lendas como Cream ou Coven. Além disso, há realmente uma presença folk acústica em momentos como “Gläntan” ou “Christmas,” a mostrar que afinal há utilidade para isso quando bem feito. Não é o álbum feito com pirraça para “dar-nos o que queríamos” depois de uma experiência mal recebida, nem sequer o retorno desesperado às origens para pedir desculpa. E nem sequer está a fazer de conta que aquele álbum não aconteceu. “Idag” é mesmo um passo em frente. E é um disco bastante interessante, que já o seria mesmo se o disco anterior tivesse sido em condições.


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