“Appaling Ascension” até podia ter sido o único álbum dos The Ominous Circle. Podia ser um “one off”, um abismo no qual realmente só dá para cair uma vez. Foi um discaço daqueles, portanto ficaria pena por não nos cair tanta escuridão encima mais uma vez. Mas até aceitaríamos. Ficava ali um acto misterioso, isolado, para revisitar a cada vez que não encontrássemos nas outras coisas extremas algo que realmente nos fizesse imergir nas trevas desta maneira. Mas, oito anos depois, nova cratera se abre no chão e lá vamos nós cair num recanto que estará muito perto do Inferno, ao ponto de já lhe sentirmos o fogo.
“Cloven Tongues of Fire” é um título bastante apropriado. Dá-nos uma ideia do ambiente instalado à nossa volta. A nível sonoro é que os The Ominous Circle mantêm aquela intimidante parede sonora que não é assim tão fácil de descrever. Apesar de venderem mistério e de se esconderem nos capuzes, são figuras conhecidas do nosso panorama extremo que dão vida a isto e não se pode dizer que seja uma fusão de evidentes referências, partindo daí. Mas há muita coisa aqui amalgamada, fundida com o fogo das labaredas acesas bem perto. Brincam com as duas velocidades, capazes de arrastar o seu death metal para o doom, e de o acelerar com blastbeats que, a acrescentar aos ocasionais tremolos e à atmosfera, junta-o com um bem diabólico black metal. Tome-se a forma como “Black Flesh, Sulfur, and All in Between” começa e como se desenrola como exemplo.
Com um movimento de “death metal dissonante” a parecer querer ganhar ímpeto e tornar-se tendência no underground internacional de forma discreta, com tanta banda encapuzada por aí fora, com a fusão de black e death metal a criar um ambiente apocalíptico a ser algo que já sentimos algo banal, com tanta banda em competição a ver quem faz os riffs mais graves, com a escola Portal já muito bem estudada e copiada, valham-nos os The Ominous Circle que têm isso tudo, mas nem um único cliché. Um segundo álbum que não surgiu por obrigação, talvez mais por necessidade. Ou porque realmente se abriu o chão e caímos no abismo até virmos parar aqui.

