The Mars Volta

Lucro Sucio; Los Ojos del Vacío
2025 | Clouds Hill | Rock progressivo/psicadélico, Art pop

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Um autêntico “mixed bag,” este regresso discográfico dos The Mars Volta desde que nos trocaram as voltas – como a pun é foleira, vamos dizer que é not intended – com o registo auto-intitulado que reformulou a sua sonoridade por completo. “Lucro Sucio; Los Ojos del Vacío” volta a levar psicadelia e electrónica a um jazz latino de estruturas incomuns. Portanto não estamos a falar do “Frances the Mute,” mas sim de um seguimento da nova sonoridade.

Até podemos já não ter menções de Cedric Bixler-Zavala a um “lastimado sentimiento en su cinturita” e, honestamente, talvez não seja preciso. A submissão à música de origem latina já não é tão forte, mesmo que ainda marque uma forte presença em algumas faixas. Faixas essas que se encontram separadas, mas todas ligadas. Podia ser um só tema, uma contínua viagem por uma palete de cores que não distinguimos muito bem. Não se nega o cunho de Cedric e dos irmãos Rodríguez-López, mas quando por vezes faz lembrar mais algum devaneio psicadélico-ambiental dos Animal Collective, dos Tame Impala, ou dos The Temper Trap, é porque a parte da identidade já foi melhor tratada. E quando temos que falar da parte ambiental, por vezes minimalista, da subtileza de algumas melodias pelo meio daquelas que nos agarram, de canções frágeis, de sussurrar algumas coisas em vez de serem mais explosivos, também estamos a evitar a todo o custo utilizar um termo tão maldoso como “chato” – ou o mais depreciativo “chatinho” – para descrever muito do que há neste disco.

Mas como existem recompensas pelo meio de todo o devaneio e até se aclama a capacidade de ligarem tudo isto numa experiência contínua, – é bem mais coeso que o auto-intitulado de regresso, o que só comprova o seu pouco nexo e o quão “all over the place” era – é porque voltamos ao tal resultado misto. Louva-se a capacidade dos The Mars Volta em mudar de estilo sem qualquer problema e de permanecerem tão inventivos. Nem têm qualquer obrigação de terem que fazer o “De-Loused in the Comatorium” outra vez. Já conquistaram fãs novos e convenceram alguns antigos – mais do que no anterior – mas se tivermos que lhes dividir a discografia em dois e comparar as duas partes… Até é injusto para o esforço que possa ter sido aqui depositado.

Músicas em destaque:

The Iron Rose, Celaje, Lucro Sucio

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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