E já foram mesmo completos os cinquenta anos de carreira. Não é brincadeira, os Magnum, nome forte e imponente na cena mas nem sempre listado no topo dos arena rockers melódicos, já tinham demasiadas condições para soarem gastos, cansados, envelhecidos, enfim… Uma paródia de si próprios. Até um título como “Here Comes the Rain” podia antever a chegada de dias mais negros.

E afinal não. Afinal a forma em que se encontram ainda é invejável. Sem alguma variação extraordinária ao longo de 23 discos, pode ser uma discografia difícil de se digerir de uma só assentada – as décadas de carreira é que ajudam ao acompanhamento – mas também é das mais fiáveis. Não seria agora que iriam inventar alguma coisa, apenas jogar com os seus trunfos mais fortes: as melodias. Hard rock melódico de encher rádios especializadas, nas décadas de 70 e 80. A soar à antiga, mas não datado. Soa maduro mas não soa velho. Com uns baladões – “Some Kind of Treachery” – e uns rockers – “Blue Tango” – para criar o balanço e validar o selo Magnum.

É esse o destaque óbvio, sem deixar de existir aquele destaque de teclas que confirma que realmente são uma velha banda Inglesa. Na sua simplicidade consegue puxar de uns ganchos comparáveis ao que outros velhos como os Deep Purple andam a fazer ultimamente – e é ter em atenção que os Deep Purple têm andado a fazer coisas bem boas – e “Here Comes the Rain” é bom argumento para que esta brincadeira do “dad rock” não tenha que ser só lamechice, afinal dá para todas as idades e tira-se daqui uma ou outra lição de rock, quando ele tinha tanto de despreocupado como de sério. Tudo ganha outro brilho especial vindo da tristeza: a não ser que ainda cheguem a nós gravações exclusivas guardadas, estão aqui os últimos acordes e últimas canções escritas pelo fundador Tony Clarkin, que partiu uns meros cinco dias antes deste disco nos chegar às mãos. Que descanse em paz e com orgulho de um enorme legado que tem neste registo um tremendo ponto final.