Incantation

Sect of Vile Divinities
2020 | Relapse Records | Death metal

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Vale sempre a pena uma carreira duradoura pelo mérito, mas também porque pode valer muito a pena a recompensa de um rejuvenescer. De notar em muitos campos do metal extremo, que inclui o death metal, a ver actos veteranos a recuperar o interesse e até a qualidade que já podia ter dispersado noutros anos anteriores. Como os Incantation que, aos trinta anos de carreira, e com três petardos iniciais, lançados na década de 90, ainda a servir de assinatura, andam agora nestes anos a lançar dos seus melhores discos.

É o caso de “Sect of Vile Divinities,” que funciona como um perfeito e lógico seguidor de “Profane Nexus” e na linha dos últimos discos que têm vindo a lançar desde a finda década passada. Se não é a banda que aposta mais no factor imprevisibilidade e prefere corresponder a expectativas no que se exige em termos de bruto, pesado e cavernoso, o álbum não é uma mera cópia ou sequer um jogo pelo seguro. Até será dos mais distinguíveis dos anos mais recentes, pela mais ampla exploração de algo que sempre fez parte do percurso e identidade dos Incantation: a lentidão, o arrasto, a escura densidade, o doom metal. “Sect of Vile Divinities,” sem dispensar qualquer recorrência às malhas rápidas e destrutivas, será o disco mais “death doom metal” do seu repertório e a torná-los ainda mais comparáveis aos Autopsy, outra lendária banda que se faz muito da alternância de velocidades. Há aqui fúria – devidamente grunhida pelo intimidante gutural grave de John McEntee, ali a competir com um Glen Benton – e há a tal torturante lentidão que os aproxime até de uns Mourning Beloveth.

Incantation é banda de pegarmos no disco já com uma expectativa daquilo que vamos ter, sendo a fraca execução o único que poderia desapontar. Como, ao final do disco, há a vontade de rodá-lo uma segunda vez quando ainda nem sequer sararam completamente as mossas da primeira – que ainda por cima tinha essas tais brutas oscilações de velocidade – e é só malhões de início ao fim, com uma “Unborn Ambrosia” a fazer-nos questionar se não será das coisas mais pesadonas que já ouvimos ultimamente… Todo o mérito é dado aos Incantation por manter este impressionante ímpeto. E ainda sabe melhor dizer que o álbum até é nada igual aos outros.

Músicas em destaque:

Entrails of the Hag Queen, Unborn Ambrosia, Siege Hive

És capaz de gostar também de:

Autopsy, Immolation, Deicide


sobre o autor

Christopher Monteiro

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