As devidas separações são feitas, podemos continuar a adorar as nossas bandas, e devemos, mas se há coisa completamente dispensável e que nos faz revirar os olhos são novelas que se criam e parecem inevitáveis no seio de muita banda. Se há algum olhar de esguelha para os Cradle of Filth, é só pelo timing da altura em que estas linhas são escritas, mas podiam ser muitas outras. Dá bem mais gosto quando parece que se juntam todos, membros e ex-membros, numa jantarada e ficam todos a dar-se bem. “Giants & Monsters” é já o segundo álbum desta espécie de super-encarnação dos Helloween, a fundir alinhamentos passados e presentes.

Portanto não está em questão, em nenhum momento, a competência deste formato em septeto, membros que tão bem conhecem os Helloween do passado e do presente, sem parecer que se estão a estorvar uns aos outros. Especialmente quando a coisa é feita a três vozes. Se fãs ainda estão a debater qual a melhor voz dos Helloween, aqui têm-nas todas, à vez, em coro, e soa sempre a Helloween, para quem desfrutar dos clássicos e para quem deseje justiça pelo “Pink Bubbles Go Ape.” “Giants & Monsters” também é disco para confirmar, reforçar e até “endireitar” o que pudesse ter ficado no ar com o auto-intitulado de 2021. Sim, este alinhamento é celebratório, mas não é uma gimmick para se fazer uma vez, mastigar, deitar fora e fica só um disco engraçado. Confirma que é assim mesmo que os Helloween são agora e soam mais seguros disso.

A nível sonoro, não há equívocos em relação ao power metal teutónico cujo trono ainda lhes pertencerá. Há canções fortes e mantêm o peso no sítio, mesmo que gostem de alternar faixas mais poderosas com alguns escapes mais hard rock e AOR que não soam deslocadas numa banda que sempre dominou o campo melódico. Existem alguns devaneios mais progressivos – “Universe (Gravity for Hearts)” e “Majestic” – mas também procura mais faixas directas. Continuam capazes de soar épicos e essa brincadeira das três vozes também ajuda – até têm condições para perder a cabeça e fazer uma rock opera com personagens diferentes, isso é que era uma queijada daquelas! No fundo, “Giants & Monsters” até pode não ter assim tanto para se destacar na vasta discografia mas, com malhas no sítio, e com as suas circunstâncias únicas, é uma definição do “álbum feel good.


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