Muito fácil dispensar isto como praticamente uma gimmick. Nós aqui com as críticas à mão para atirar aos promotores que preferem as bandas-tributo às originais, que essas aí ganham mais que os que se esfolam a criar a própria música e mais-não-sei-quê e até estamos dispostos a abraçar esta causa de Matt Harvey, Dan Gonzalez, Gus Rios e Robin Mazen. Os Gruesome, sentido tributo aos Death e a Chuck Schuldiner. Porque é diferente, podemos mesmo usar essa oposição vaga. “Savage Land” e “Twisted Prayers” foram grandes discos. De Death, mas ao menos conseguia mesmo passar por isso. E agora “Silent Echoes” segue a cronologia da banda lendária.
É mesmo para acompanhar a discografia dos Death, e chegaram agora ao “Human.” O som old school bruto já dá lugar a um death metal mais técnico e progressivo e, como afirmam os próprios, deve funcionar como uma versão do “Human” de um universo paralelo. Se já ninguém vem para aqui desprevenido para atirar logo as acusações de plágio, podemos partir para a descoberta deste “Silent Echoes” sabendo com o que contar. O tributo em questão. E a forma como é o “Human” sem ser o “Human” é mesmo o que mais surpreende. Não precisa de estar ao lado para ver se há algo que foi copiado ou adaptado, é mesmo a “vibe” que é capturada e esta malta escreveu mesmo malhas como se o Chuck lhes tomasse conta dos corpos.
Acrescenta-se uma nova homenagem, a mais uma trágica partida. A de Sean Reinert. Que brutalizou a bateria no clássico disco dos Death e que marcou o seu legado em todo o death metal mais técnico com os Cynic. De quem também acaba por se sentir uma presença. Louva-se a evolução de uma sonoridade para outra; a capacidade de recriar algo sem estar a pintar por números para ficar igual; o desempenho vocal de Matt Harvey, que soa mesmo mais ao Chuck do que a ele próprio, por exemplo, nos Exhumed; e os malhões que aqui existem, claro. Ao entender-se a intenção e ao saber o que mais pode estar por trás do que achar uns discos giros e querer fazer parecido, a música dos Gruesome ganha uma nova dimensão e até personalidade, o que podia ser mais difícil. E têm a nossa atenção e curiosidade na espera pelo próximo tratamento de outro clássico dos Death.