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Que ninguém se esqueça dos Forgotten Winter. Há vinte anos a instalar atmosferas bem negras no nosso espaço, ao mesmo tempo que nos transitem esperança. O espreitar da luz está lá. As longas esperas entre discos talvez sirvam mais para nos fazer desejar algo novo. Para “Lucífugo,” já se via alguma possibilidade de o revitalizado black metal atmosférico começar a fartar, com tanto que se faz por aí… E sabemos bem que por aqui temos uma proposta tão interessante como os Forgotten Winter.
Constituídos por uma já conhecida dupla veterana do bom black metal lusitano, sabem bem como tratar a crueza extrema e também sabem como embelezar isso, por muito que isso soe a sacrilégio. O peso dos riffs continua a ser secundário, é tudo bem mais à volta da atmosfera, e esse peso tem que conviver com o ambiente dos sintetizadores, quer no seu estado mais puro – mas que ainda não nos faça atribuir logo um vernáculo tão escandaloso como “dungeon synth,” mesmo estando lá – ou no mais sinfónico, sem também abusar disso. Porque “Lucífugo” nem procura só aquele épico e triunfante. Acompanha-nos na escuridão do subsolo, acende pequenas labaredas de esperança, reconforta-nos com melodias dóceis e volta a deixar-nos alerta com cortantes gritos e mais acelerações. Um yin-yang de tranquilidade e ansiedade. Temos noites agitadas assim, por vezes, não esperaríamos gostar tanto de ouvi-las assim traduzidas para disco.
Isso um mero exemplo do tipo de sensações que o disco nos pode transmitir. A nível técnico, a parte da execução mantém-se intocável. Isto ainda pertence a realeza do black metal por nossas terras. A nível conceptual, segue o imaginário de “Vinda,” mais voltado para a natureza do que para o metafísico, com registos linguísticos que vão além do português ou do mais vulgar. Musicalmente, é a tal supremacia atmosférica, mesmo que já se sinta uma maior agressividade, já prometida, especialmente a partir da segunda metade, com um forte arranque em “Sentinela na Masmorra” antes de voltar a acalmar a tempestade, para seguir-se uma catarse quase à Norueguesa em “Baile dos Cadáveres.” Repetem o auxílio do doom, da melodia, e da acolhedora voz feminina de Andreia Figueiredo. Truques que valem a pena repetir. Assim como audições ao “Lucífugo.” Para aquelas tais noites. E não só.
Lucífuga Vila, Nenúfar, Baile dos Cadáveres
Omitir, Summoning, Paysage d’Hiver