Mesmo que cada novo disco dos Eluveitie, já com a inclusão deste “Ategnatos,” possa não vir a ser assim grande espingarda, há sempre uma palmadinha nas costas a dar à banda Suíça para os reconfortar. Não têm tarefa fácil. Ainda se estão a recompor de uma mudança de alinhamento a fundo – na qual perderam uma peça muito central na vocalista Anna Murphy – e prosseguem como uns dos principais representantes de um género estagnado e saturado.

Mas “Ategnatos” avança sem medos e tem total conhecimento dos pontos fortes que tornaram os Eluveitie conhecidos. A folk dançável, os riffs de melodeath fortíssimos e, já a partir da sua fase mais tardia, um refrão bastante adocicado em voz feminina. Podem ter saído membros fulcrais que levassem muito disso consigo, mas este é um álbum para se comprovar e não só para tapar buracos. Está tudo no sítio e parecem querer enfatizar todos esses factores. Mantém aquela overdose de instrumentalização folclórica tradicional e os fãs antigos podem descansar, que a sanfona ainda é a terceira vocalista desta banda. A voz berrada de Chrigel Glanzmann ganha novo ênfase para também trazer a parte mais extrema ao cimo e o death melódico do ADN da banda também ganha mais espessura, com riffs e breakdowns que até chegam a remontar já para o metalcore – como em “Worship” ou “Rebirth”. E a nova vocalista Fabienne Erni é uma estupenda substituta e traz o refrãozinho amigável, como se ouve em “Black Water Down,” “The Slumber” ou “Breathe,” especialmente esta última que aponta directamente para “A Rose for Epona” para lhe fazer concorrência.

“Ategnatos” acaba por ser um álbum suficientemente coeso e mesmo a disparar em todas as suas variadas direcções, encontra-se um rumo. Tem alguns dos temas mais fortes dos Eluveitie desde “Slania” e até mesmo alguns que podiam constar nesse mesmo. Porém ainda é um disco a juntar as peças novas e a encontrar o futuro da banda. Já é mais forte que “Origins”, o que pode indicar que com um jeito e alguns cortes na gordura os Eluveitie até podem vir a revitalizar.