Eddie Vedder

Earthling
2022 | Republic Records, Seattle Surf | Rock

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O panorama rock da década de 90 para a frente está mais que conquistado e o fanatismo por um dos seus mais notáveis e carismáticos frontmen desse tempo já se faz sentir. Assim um disco a solo pode já dar para uma adoração, independentemente do que possa conter. Ou então, questiona-se o seu propósito e parte-se com cepticismo à espera que metade deste “Earthling” seja sobras dos Pearl Jam e a outra metade uma compensação para a falta de Neil Young no Spotify.

Mas notamos que isso é construído a partir de um perfil já construído de Vedder e não de uma expectativa. Tendo em conta o seu percurso a solo, há uma banda sonora – “Into the Wild” – e um álbum cheio de gimmick – “Ukulele Songs” – e este acaba por ser o seu primeiro álbum a solo mais convencional. Aquele em que se rodeou de convidados, ali naquela linha entre o amigo e o ídolo. Claro que apanhámos pós de Pearl Jam em “Power of Right” e “Brother the Cloud,” mas “Earthling” vem para ser um álbum de variedades e não é só entre aquelas duas referências do primeiro parágrafo. Há rock de raiz mais heartland e folk mas recorda-se mais Tom Petty numa “Long Way.” O dueto com Elton John em “Picture” deixa que John traga o seu estilo, “Mrs. Mills” não é só extremamente Beatle-esca como tem um tal Ringo Starr na bateria e onde anda Stevie Wonder? A acompanhar, com harmónica… a punkalhada acelerada que é “Try.” Fica ao critério de cada um de que lado da vedação que separa o ecletismo da mixórdia está.

Com uma abertura a trazer algo de clássico – Peter Gabriel é o nome mais referenciado por aí – mas também com algo do anthem rock mais moderno e a presença assídua do que associaríamos aos Pearl Jam – especialmente da era “Vitalogy” ali em “Good and Evil” e “Rose of Jericho” – e podia ser um álbum imprevisível, mas tudo nele se sente seguro. Vedder fez o disco para si e deixa-nos desfrutar, com alguma alegria que até nem lhe esperaríamos. Voz de uma geração mais perturbada e sempre com um negrume a pairar sobre os seus temas, traz agora um “Earthling” mais iluminado. Uma boa proposta sem ser algo de extraordinário, mas deixem lá o homem divertir-se um bocado.

Músicas em destaque:

Long Way, Brother the Cloud, Try

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Pearl Jam, Neil Young


sobre o autor

Christopher Monteiro

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