Lá estranho é. Todo o tipo de reacções se formou quando uma das bandas da coqueluche de entrada do metal sinfónico acessível apresenta um novo álbum com o título “Apocalypse & Chill” e com semelhante capa. O disco saiu em Fevereiro de 2020. Anunciado no seu inteiro ainda em 2019. A acrescentar à confusão de quem não via humor deste presente na mística gótica dos registos anteriores, nem os próprios deviam conseguir adivinhar o quão profético o conceito se tornaria, de forma tão irónica.
Os Delain são um nome que ainda consegue gerar interesse num género já meio esmorecido e distinguem-se pela forma como brincam e se aproximam daquela linha que separa um metal mais adocicado do pleno pop, – linha essa que já foi pisada, ultrapassada e teve terra chutada para cima pelos Amaranthe – mantendo toda aquela grandiosidade épica e cinemática do género. É um factor que lhes dá interesse, são sempre uma banda curiosa de se ouvir pelas melodias tão pegajosas e acessíveis que conseguem distingui-los de outros actos mais exacerbados como os Epica. É como se brincassem mas de forma séria. Ou são tongue-in-cheek, mas só se quiserem. “Apocalypse & Chill” tem esses mesmos Delain e é um seguidor lógico de “Moonbathers,” reconhecendo que aquela faceta pop tira-lhe muitos limites e lá tentam mais algumas ousadias que ainda se lhes possam associar. Se “Burning Bridges” e “Legions of the Lost” realmente vão para o lado mais over-the-top do metal orquestrado, que realmente lembre uns Epica ou uns Xandria, “We Had Everything,” “Chemical Redemption” ou “To Live Is to Die” dão outro uso mais electrónico e dançável aos sintetizadores para alguma reminiscência à década de 80.
A ironia da capa e do título trazem um tema contínuo e sério às letras, de preocupação ambiental e já de aviso, preocupação e até esperança, em vez de mera profecia. Dá interesse ao registo e é tudo ditado pela voz de Charlotte Wessels, que se mantém uma vocalista exímia. Junte-se a isso a admissão de que os Delain são uma banda de refrão, já com “Stay Forever,” “Electricity” ou “Stardust,” entre muitas outras, no catálogo, e parte-se para “Apocalypse & Chill” à procura de mais algumas que colem. E cumprem muito bem. Além disso há sinfonia para quem gostar desse adoçante e que não falte peso, com alguns dos seus riffs mais pesados como em “Let’s Dance” ou “Creatures,” este quase a roçar o djent. É mais um registo sólido que cumpre o que os Delain pretendem, por muito acquired taste que sejam no panorama de peso. E para esta fase estranha que atravessamos, da qual havemos de sair verdadeiramente, eles lá nos pedem “chill.” Felizmente já nos tinham deixado um álbum bom para ajudar na ocasião.