Decayed

The Oath of Heathen Blood
2019 | Lusitanian Music | Black metal

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O topo da montanha do black metal português tem tanto de imensamente respeitável como de puro e fiel à sua tradição. Com os Filii Nigrantium Infernalium a blasfemar e a encantar pela veia mais tradicionalista de heavy metal sujo, com muito humor à mistura, os Decayed orgulhosamente carregam o estandarte do black metal de adoração a Bathory e que também os aproximará à crueza de uma segunda onda, ainda no berço, pela altura da formação dos próprios, no início da década de 90.

The Oath of Heathen Blood” é um disco que em nenhum momento nos tenta mentir em relação ao que vem fazer. É o mesmo que o seu antecessor, é o mesmo que a sua estreia, o mesmo que um qualquer clássico que conste na já mais de dezena e meia de álbuns que os Decayed lançam com regularidade. O ponto de partida e o propósito é o mesmo. Black metal sem rodeios. E nem sequer nos deixam muito tempo à espera, com “Of Fire and Evil” a datar ainda do ano passado, sem que lhe acrescente propriamente alguma coisa. Que exista zero inovação, não é para isso que o grupo de JA e companhia está cá. São o selo de qualidade garantida para quem procurar black metal bem feito, sem aditivos e cá está a parte difícil após uma longa e profícua carreira: sem soar gasto, farto e estagnado. Basta que os lendários lusitanos tenham a dose certa de cólera, mal, raiva e Satanás na ponta da língua, na garganta, nos riffs ora mais thrashados, ora mais em tremolo.

Todos os louvores e vénias vão para bandas de black metal que saibam inovar e injectar novas influências, mas também há espaço para aquelas que sabem manter a fidelidade e origem e os Decayed impõem-se nesse grupo, a nível internacional. Se existir algum melindre em relação às semelhanças para com o anterior ou qualquer outro, já o gelo da faixa-título os silenciou e entretanto já um riff à Bathory no “Under the Sign of the Black Mark” irrompe em “Her Dark Eyes / Eternal” que não temos outra opção senão abanar a cabeça em honra do bom chifrudo. Porque o que há de realmente essencial neste “The Oath of Heathen Blood,” além da força e garra das canções novas é a falta de sinal de qualquer abrandamento ou perda de força após já quase três décadas inteiras de carreira. Se calhar para o ano JA volta a trazer-nos mais alguma coisa nova e cá estaremos nós, contentes, sabendo exactamente para o que vamos. Sem desilusões.

Músicas em destaque:

Oath of Heathen Blood, Her Dark Eyes / Eternal, The Cronos Device

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Bathory, Venom, Corpus Christii


sobre o autor

Christopher Monteiro

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