Já é tempo de cair a ficha. Já lá vão vinte anos, duas décadas completas, desde o último álbum dos System of a Down. Se algo mais se concretizar, a notícia cairá como uma bomba, mas também já é pela aceitação de que está já tudo feito. Concertos vão acontecendo aqui e ali. E os integrantes não se dão parados na mesma. Daron Malakian ainda tem os seus Scars on Broadway, de discos espaçados, para nos fazer pensar um pouco em como soaria um novo disco de System of a Down actualmente.

Com Serj Tankian a preferir variar por outros escapes musicais, muito do que mais caracterizava a célebre banda viria, certamente, da mente de Malakian. “Dictator” foi uma maravilhosa experiência de parecer estarmos a ouvir um sucessor do “Hypnotize,” com tantos dos seus tiques, que até ouvíamos a voz de Serj a juntar-se, na nossa mente, tal seria a forma natural como encaixaria naqueles temas. “Addicted to the Violence” continua a ter temas de estrutura familiar, mesmo que já se note mais Malakian-cêntrico. Tudo faz lembrar System of a Down, mas Daron já quer dizer que este é o seu disco e talvez a apelar que ele fosse o núcleo criativo da banda. No entanto, os falsetes intencionalmente apatetados – a contrastar com a seriedade da letra – de “Your Lives Burn,” os versos de “You Destroy You” – uma prima bem menos faroleira da “Radio/Video” – a funcionar muito bem a duas vozes, e alguma passagem ou berro aqui e ali… São coisas que pediam mesmo ali o Serj.

É o que difere mais de “Dictator.” Enquanto esse tinha mesmo esses poderes de nos fazer fechar os olhos e parecer que ouvimos ali pessoas que não estão, tal é a proximidade daqueles tempos, este “Addicted to the Violence” faz-nos mais olhar para buracos que dessem para ser tapados com tais presenças e desejar que realmente estivessem ali. Será isso que o coloca uns furos abaixo, de resto não se aponta qualquer incompetência a Daron Malakian, que realmente seria uma das principais forças criativas da mítica banda, e que ainda traz aqui tanto do que lhes associámos, nas melodias menos usuais, nos riffs esquizofrénicos, no humor tongue-in-cheek a conviver com outros momentos de crítica mais séria e assertiva, estruturas algo imprevisíveis, – agora já as conhecemos bem – nas influências orientais, em todo o frenesim pesado mas festivo. Dá para nos manter entretidos enquanto continuamos a sonhar. Parece que só dá mesmo para isso, mas como nem demos pelas duas décadas a passar, é porque resulta.


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