Dark Fortress

Spectres from the Old World
2020 | Century Media Records | Black metal melódico

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A antecipação constrói-se e intensifica-se com vários factores. Um é a longa espera, o outro pode ser a expectativa que algo nos deixa durante esse período de tempo. No caso dos Dark Fortress, o novo “Spectres from the Old Wound” chega após uma longa fenda de seis anos e segue uma fase muito interessante e criativa da banda Alemã.

Dark Fortress, uma força motriz do black metal de carácter mais melódico, nunca colocaram limites sobre si próprios, sempre acharam que podiam ser mais atmosféricos, mais ambientais, mais progressivos, mais tudo. Culminou em “Ylem” onde derrubaram qualquer barreira estilística – o álbum que tem a grande “Wraith,” que ainda tem muitos fãs a perguntar-se como é que uma balada dos Dream Theater com falsetes foi parar ao repertório dos Dark Fortress – e aperfeiçoaram em “Venereal Dawn,” uma obra difícil de seguir. Especialmente após uma longa espera. “Spectres from the Old World” tem uma tarefa difícil mas singra conhecendo os seus riscos anteriores. O habitual experimentalismo da banda, feito de forma mais “segura,” que se consiga assimilar aos dois registos anteriores. Sempre à base do “meio tempo,” com as suas devidas quebras, e também do “build up” com uma complexidade que se vai construindo ao longo dos temas.

Após a intro, o verdadeiro arranque do álbum aparenta ser mais cru, chegando mesmo à negra e pesada faixa-título, a sugerir que pudesse ser um disco mais despido para os Dark Fortress. Mas num instante começam a mexer, a trazer-nos o seu característico “midtempo,” uma lentidão que extraem do doom metal que sempre mantiveram à mão. Não deixam de quebrar também isso com canções verdadeiramente intensas, pesadas e rápidas como “Pazuzu” ou “Pulling at Threads” e nunca facilitam na composição mais extravagante de canções, como na muito progressiva “Isa,” a recordar na hora dos destaques no final do disco ou com uma “Swan Song” já a inclinar-se um pouco para territórios mais Dimmu Borgir. O black metal mantém-se a base mas não o núcleo. A melodia governa tanto quanto a agressividade desgoverna. E é mais um álbum heterogéneo e coeso a seguir a onda iniciada em “Ylem” e que certamente conquistará o seu lugar entre os seus aclamados antecessores, mesmo que alguns dos temas precisem de mais algum tempo para assentar.

Músicas em destaque:

Pali Aike, Pazuzu, Isa

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Dissection, Satyricon, Naglfar


sobre o autor

Christopher Monteiro

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