Já faz seis anos desde que se anunciou que deixaríamos de ter Nevermore, por tempo indefinido. Curiosamente, também já lá vão seis anos desde que ouvimos um disco novo dos Communic, banda que carrega com tantas comparações, muitas vezes na forma de uma pesada cruz, que não deixa de causar mais um paralelismo irónico. Mas dos Nevermore ainda não há certezas de regresso e os seus “irmãos mais novos” já têm “Where Echoes Gather”, um novo disco que ainda não os livrará de acusações, mas que servirá para se impor com a sua qualidade.

Mantêm a fórmula de metal progressivo com passagens complexas e mudanças de tempo, envolvidas num power metal mais à Americana do que aquele que se esperaria destes Noruegueses, com uns riffs fortes bem thrasheiros para acentuar o peso. É uma legítima descrição dos Nevermore e a voz de Oddleif Stensland continua a soar parecidíssima à de Warrel Dane, com os jeitos todos. Mas ainda é injusto descartá-los como meras imitações quando são três indivíduos com tanto talento e já capazes de apresentar cinco álbuns tão sólidos e consistentes. “Where Echoes Gather” é um seguidor natural de “The Bottom Deep”, continuando a procura da faceta cada vez mais melódica, mesmo que este novo registo se pareça basear em estruturas, riffs, melodias e solos mais complexos do que no anterior, que mantinha todo o esqueleto progressivo mas com temas mais directos. Com várias canções divididas em duas partes – sem que a transição dê para notar apenas a ouvir – e com alguns dos seus temas mais longos e complexos, aqui os Communic procuram exibir um pouco mais ainda dos seus dotes, para se estabelecer como uns potenciais novos porta-estandartes desta sonoridade.

O fanático da música progressiva tem aqui muito com que se deliciar e, mesmo com isso em conta, é bem possível que esteja em “Where Echoes Gather”, um dos seus álbuns mais imediatamente memoráveis. Deixemos as comparações de lado por um bocado. Concentrando numa obra bem conseguida como esta e com a falta dos Nevermore, temos nestes Communic não uma imitação, não uma versão mais barata, mas sim um óptimo substituto à altura.