Qual o disco ideal para acalmar qualquer preocupação com músicos e intérpretes “feos, horribles, panzones, barrigones, tatuados, marijuaneros, cocaineros” e por aí fora que venham contaminar o cenário musical? Claro que são os Brujeria. Mas esse medo já é ironizado e o certo é que perdeu-se muito do choque inicial. “Esto Es Brujeria,” sim, e são sempre bem-vindos mas isso foi uma frase que já causou bem mais nervosismo.

A imagem dos narcotraficantes e criminosos da fronteira já é uma conhecida gimmick de músicos conhecidíssimos – como se, por exemplo, aquele Hongo fosse capaz de enganar alguém hoje em dia, por muito disfarçado que esteja – e dá mais para a galhofa do que para o susto. A comemorar os trinta anos da estreia “Matando Güeros,” mantém-se o tom crítico e os assuntos sensíveis mas o choque já deu mais lugar ao humor. Até a horrível imagem do “Coco Loco” já está esbatida e oficializada como a mascote. Também o grindcore dessa estreia já deu lugar a um death metal cheio de groove há bastante tempo. Mas isso não tem que ser algo mau. É o que permite aos Brujeria terem a pica que têm hoje em dia. Agora o que é verdade é que se foram dos que ficaram desiludidos com o regresso de “Pocho Aztlan,” não será com este “Esto Es Brujeria” que vão querer tentar juntar-se novamente ao gang.

Não sendo o caso, “Esto Es Brujeria” é mais um disco divertidíssimo e que volta a conjugar bem o humor com a brutalidade. Mantêm-se actuais como nas lições de “Politicamente Correctos” ou “Lord Nazi Ruso,” e mesmo quando já ficam um pouco desactualizados como com a inclusão de “Covid-666,” lançada há três anos, lembram-nos certas proezas como as do presidente Mexicano que pretendia proteger o seu povo com amuletos. Além disso não resistem ao throwback como nova “bendición” em “Testamento 3.0” e alguns dos seus temas mais velozes e agrindalhados como “Tu Vida Loca.” Destaque para o peso da faixa-título e para a fantástica introdução da “Bruja Encabronada,” – também ela uma cara conhecida, mas da TV! – que tem aqui a sua estreia em disco e uma tremenda malha onde dá a conhecer a perigosa cabrona que é. Mantêm a ginga no seu death metal veloz, mas excedem-se na duração com óbvias gorduras que dariam para cortar. Não deixa de causar mossa e, se não têm cuidado… Están chingados!