O regresso destes thrasheiros de Aveiro após quantas saudades permitissem, mantendo-se assíduos nos lançamentos. Foi ainda recentemente que tivemos a sua breve ode à censura, de orgulhar até um Álvaro de Campos, e temos agora um longa-duração de respeito. À Booby Trap. “The End of Time” e parece que a banda sonora desse cataclismo é thrash. Divertidíssimo, para quem tem uma sociedade a colapsar à volta.

E é a atitude indicada, precisamos desta descontracção. Que também é a atitude certa, juntamente com um “quero lá saber” que vem sempre aliado, para desanuviar a responsabilidade que realmente tinham. É que, mesmo sem ser ininterrupta, já lá vai uma carreira com trinta anos. Há que mostrar a devida maturidade. Não uma maturidade que impeça de termos uma introdução chamada “March of the Boobies,” precisamos dessa para absolutamente nada. Uma maturidade que reconhece que deve apresentar aqui um álbum de thrash que se preze, algo digno do estatuto que já têm. E conseguem-no. Através de um ecletismo ainda baseado em alicerces fixos. Há sangue novo pós-reunião injectado nos veteranos e funciona bem para que haja tanto do velho como do novo neste thrash venenoso também embebido em álcool q.b.

É simples mas inteligente, lá porque lhes entregaram uma faixa de representação do crossover nacional, não se limitam a fazer o disco automático para o fã com o boné dos Suicidal Tendencies. E até podiam! Sabem como distribuir a canção mais midtempo como “Nothing to Lose,” uma “Ready to Die” para o fã de Slayer e uma “Sick Six Six” que também é isso mas com menos freio ainda, uma “Nada Irá Mudar” com Miguel Newton para quem preferir a parte mais punk hardcore da velha-guarda da equação, e uma surpresa como “Surrounded by Idiots” cuja duração não indica que haja ali uma faixa parva escondida após cinco minutos de silêncio. Nada disso, é uma jam em que decidem brincar aos riffalhões gordos. Também sabem fazer disso, quem diria! No final é tudo muito Booby Trap. Que seja o fim dos tempos, mas dá para o repetir algumas vezes?