O ano está para acabar. Redacções já começaram a celebrar as suas festividades da habitual forma, com as listinhas dos melhores do ano, que valem o que valem, e com muitas parecidas umas com as outras. Nunca se guarda assim algo de especial para o final do ano. Mas pronto, se não for para ter em consideração alguma coisa que vá ficar para os melhores do ano, só assim um death metal muito bem feitinho, arranja-se tempo para prestar atenção ao novo dos Blood Red Throne, antes de nos estarmos a preocupar com enfardar pratadas tradicionais anuais?
“Siltskin” é o novo álbum, que completa a dúzia desde que se fundaram, e parecia vir com a pressa de quem tinha mesmo aqui uns nervos para descarregar – “Nonagon” saiu no início de 2024. Por esta altura não precisarão de muitas apresentações mas, nem que seja para situar a brutalidade deste death metal, podemos considerar os Blood Red Throne um fenómeno curioso. Banda oriunda da Noruega, mais concretamente, das mentes de dois malucos do black metal, Død Olaisen, ex-Satyricon, e Tchort, ex-Emperor e ex-Carpathian Forest (agora também ex-Blood Red Throne, que já lá não está há um tempo), criam um death metal que não traz qualquer ponta de influência desse estilo. Do frio da Noruega trazem algo a soar ao calor da Florida. E não é em “Siltskin” que muda alguma coisa, é death metal carnudo, brutamontes, violento. Com muita técnica na fórmula sem entrar por aquelas deambulações chatas do tech-death exibicionista.
Muda alguma coisa, propriamente? Não, é o death metal como descrito acima. Pode dizer-se que, não só dá seguimento lógico a “Nonagon”, como talvez o complete ou supere, ampliando ali um pouco na brutalidade para que seja ainda melhor que esse antecessor. O miolo disto, aquilo que realmente interessa são os riffs. Há deles para aqui até dar com um pau e abençoados sejam, com o que quer que queiram, estes Noruegueses por isso. Não se esquecem de muita da razão para nos voltarmos para o death metal. Para os Deicide, para os Cannibal Corpse, até para os Suffocation e Dying Fetus desta vida, já que se detecta muita dessa gente por aqui, para justificar o “namedrop”. Aceitam-se as referências, os Blood Red Throne não primam pela originalidade. Ou por serem extraordinários. Chega atrasado para constar entre os discos do ano? Não, não seria caso para tanto. Chega a tempo para partir isto tudo e acrescentar-nos mais death metal, sem qualquer ingrediente em falta, tudo em fartura como na nossa ceia que se aproxima? Sempre.

